Jesus me disse que acordou assustado, com uma dor de cabeça insuportável e louco de sede em um lugar horrível, escuro, iluminado por uma lâmpada muito fraca, esfumaçado e fedorento. Viu que havia outros homens, aparentemente mendigos, maltrapilhos e desgraçados. Aos poucos, percebeu que estava em uma cela de um presídio. Não conseguia compreender nada, tudo era confuso.
Eloy Figueiredo
Ficção: Viagens na Maionese: Memórias de uma Vida em Transformação Um mergulho profundo nas experiências que moldaram minha vida, narrando histórias de mudanças, desafios e descobertas. Em cada capítulo, você encontrará uma jornada única, refletindo as nuances e complexidades de uma existência em constante evolução. Essas memórias, entrelaçadas com toques de fantasia e realidade
domingo, agosto 13, 2023
APAGAMENTO
quarta-feira, julho 13, 2022
AVANTE
Não te sinta vencido a nenhum vencido
Nem te sinta escravo de outro escravo.
Tremendo de pavor, sinta-se bravo e arremete mesmo que ferido.
Proceda como Deus que nunca chora ou como lúcifer que nunca reza. Ou como o Carvalho que com sua grandeza necessita de água mas não implora!
Tenha a sagacidade de um prego enferrujado que mesmo velho e torto, volta a ser prego.
Não se acovarde como o pavão que encolhe sua penagem ao menor ruído.
Morda, grite, vocifere bravamente, mesmo rolando pelo chão sua cabeça!
- um dia escutei, gravei e divido com vocês!
segunda-feira, outubro 03, 2016
quinta-feira, setembro 29, 2016
Ernesto Meyer Filho/JB
Conheci Mayer Filho, um artista extremamente fascinante, enquanto trabalhava na sucursal do Jornal do Brasil em Florianópolis. Passamos diversas tardes tomando chopp juntos e discutindo animadamente suas teorias sobre a existência de vida em outros planetas, sempre no balcão do Box 32 do mercado público.
Ernesto Meyer Filho. By Eloy Figueiredo.
terça-feira, outubro 13, 2015
O Globo
sábado, agosto 22, 2015
editora expressão
segunda-feira, dezembro 05, 2011
CARTEIRA DE MOTORISTA.
quinta-feira, julho 15, 2010
a marca "Jornal do Brasil".
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Guerra no Rio Guaíba.
O lago da Redenção já era pequeno demais para minhas aventuras náuticas, e, além disto, descobri que o seu Zé alugava barcos no rio Guaíba sem nenhuma exigência, então passei olhar as ilhas em frente do bairro Alto da Bronze como terras a serem conquistadas. Só tinha um problema... O dinheiro para o aluguel do barco ali era bem mais caro que os da Redenção.
Eu estava decidido a embarcar numa aventura até a ilha mais próxima e para isto comecei uma pesquisa no Colégio Paula Soares onde estudava, na 4º serie. Foquei um guri que poderia financiar esta empreitada. Notava que ele sempre andava com um bom corte de cabelos, boas roupas e um sorriso que ele não tirava do rosto nem mesmo brabo, via também que as professoras lhe dedicavam total atenção e às vezes ele era buscado de automóvel no colégio. No colégio nós éramos amigos, mas só no colégio. Nunca via ele na rua ou na pracinha com alguma turma de guris, mas ele tinha uma cara boa de gente legal e foi por isto que o convidei para esta primeira aventura, uma conquista da ilha pequena e ele topou na hora. Só tinha um problema: ele era de uma espécie de guri rico e bem cuidado. Depois vim saber que ele era mesmo. Filho único no meio de cinco irmãs mais duas mães. Eu ainda não sabia que as pessoas se separavam. Ele foi o primeiro guri que conheci filho de pais separados. Para começar eu teria que ir até sua casa pedir permissão para seus pais - coisa estranha, eu saia à hora que queria depois das aulas e meus amigos também, imaginava que todo mundo era assim como eu.
Fui interrogado pela sua madrasta durante vários minutos, ela fazia questão de me mostrar o quanto valia aquele guri e isto quase me fez desistir da aventura no rio e ir com aquele príncipe (cara ele tinha) pra redenção.
Eu falei:
- Eu me responsabilizo por qualquer coisa que poderá vir a acontecer com ele.
Ela então falou:
- Quer dizer se acontecer do André (Jockyman, filho do Sérgio, um dos maiores e melhor jornalista que já conheci) morrer, você vai me dar um outro André?
Aí me dei conta da enorme responsabilidade, pensei:
“Puta que pariu... que fria estão me metendo”.
Depois de meia hora de recomendações, para a minha surpresa e angústia, ela concordou. Agora era eu que não mais queria ir ao rio e sim remar no lago da redenção, mas o André e o meu irmão não quiseram aceitar as mudanças de planos. Já de cara comecei a me preocupar para atravessar as ruas quase pegando ele pelas mãos que ele soltava querendo mostrar rebeldia. Logo eu, que nunca me preocupava com nada até este dia.
Ele e meu irmão iam correndo na frente como cachorrinhos de apartamentos e eu atrás com o coração na mão:
- Cuidado com o bonde, olha os carros, meu Deus!
Notei quando estávamos chegando ao velho Zé que a turma da Rua Demetrio Ribeiro tinha seu próprio barco, e todos estavam soltando rojões na água e fazendo uma enorme algazarra, alguns mergulhando e dando caldinho nos guris menores e os outros em pé dentro do barco mostravam destreza e velocidade no remo.
O André sentou na proa e meu irmão na popa enquanto eu sentei no meio, no lugar dos remos sob protestos dos dois.
Eu já tínha remado um quinhetos metros da margem e vi que entrava água pelas frestas mal calafetadas do barco e por isto já tinha duas latinhas estrategicamente posicionadas para ir tirando a água de dentro. Isto achei normal.
Então... vi a turma da Demetrio Ribeiro se aproximar velozmente em nossa direção, atirando rojões às gargalhadas. Foi quando um dos rojões caiu dentro do nosso barco fazendo ele se estremecer todo, quase rachando suas tabuas velhas e frágeis.
Reconheci o alemão Edson, seu irmão Lauro, o Cadico, e o “traidor” Martelinho, morador da Rua Fernando Machado que estava nos remos rindo e fazendo a maior força. Eu ameacei de quebrar suas caras se eles continuassem. Ai mesmo que eles riam mais e jogavam mais rojões. Pedi que meus marujos:
- Tirem à água do barco, tirem à água...
A água já estava tapando nossos pés e isso me deixava aflito: o que fazer se o barco afundasse com aquele principe dentro dele? Eu daria outro André à madrasta? O suor escorria no meu rosto naquela tensão da guerra de barcos, que mais parecia um filme de piratas com canhões e espadas. Enquanto os piratas liderados por alemão Edson com sua cara de mal e um dente de ouro exposto pelo sorriso cínico, bombardeavam meu navio. E eu dizia: "Continuem tirando a água!", mais aflito do que nunca. Foi então que decidi lutar de frente para proteger o principe André. Me levantei e peguei o meu remo-espada, que serviu para que eu rebatesse as fortes e pesadas balas de canhão. Rebati uma, duas, três, até que o capitão pirata deixasse de sorrir. Mas mesmo com uma pequena vantagem, meu navio era muito fraco e a água, apesar do empenho de meus marujos, já estava nas nossas canelas. Olhei para margem e vi o velho Zé que vinha gritando e remando em nossa defesa da guerra. Os meus tripulantes estavam paralisados de medo, mas, mesmo assim, o André continuava com seu sorriso de Curinga. Foi então que, felizmente, percebemos que a correnteza estava à nosso favor. Percebi que o navio pirata deles estava ficando de lado para o nosso. Apesar de ser mais fraco, o meu navio era maior que o deles e, com isso, empurramos com toda a força o nosso contra o deles. O gigantesco navio pirata vacilou na água, e, logo depois, virou, para nossa felicidade e desespero da turma da Demetrio Ribeiro, que ficaram agarrados ao navio e assustados com os corpos dentro do rio.
Logo me dispersei da minha "viagem" de filme e, aliviado, vi que meus tripulantes marujos estavam salvos. Foi aí que eu vi o velho Zé, que chegou ralhando com eles. Fomos rebocados pelo barco do velho, já que o nosso ficou à deriva com água que já cobria nossas canelas, mas contentes e felizes como todos os vencedores.
Anos depois nos encontramos por acaso, na combatente e vibrante sucursal do Jornal O Globo, no 2º andar do edifício do Relógio na Rua da Praia. Lá trabalhamos juntos por vários anos, eu como representante do Dr. Roberto Marinho, ele na redação e o Zezinho, meu irmão, como motorista e distribuidor do jornal em Porto Alegre.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Doca das Frutas.
Um dia um outro morador um negão forte pra cacete, completamente bêbado se aproximou do velho Zé e deu um violento soco em sua cara. O velho Zé, antes de cair no chão, sacou rapidamente a faca da cintura e num golpe de cima para baixo abriu o peito forte do negão que ficou surpreso com a velocidade do golpe. A coisa mais feia que já tinha visto até aquele dia. O agressor arquejando em pé com um enorme talho no peito que deixava ver seu coração batendo por traz das costelas, e ele com olhos arregalados com aquela reação do velho Zé que além de velhinho era também bem magrinho, mas ligeiro como um raio.
Antes das dragas começarem o aterro onde hoje é o colégio Parobé, a gurizada fazia uma vaquinha na pracinha da Bronze, e ia até as Docas das Frutas, onde os barcos ficavam atracados no porto em frente do Pão dos Pobres, vendendo todos os tipos de frutas que vinha das chácaras pelos lados da Serraria e de Belém Novo. Comprávamos meio cento de bergamota e voltávamos pela beira do rio descascando e colocando as casacas entre os dedos, jogando-as como bumerangues ou helicópteros. Era mais brincadeira do que vontade de comê-las.
Nesta mesma época das bergamotas, as vezes levávamos rojões e íamos jogando dentro do rio para ver espalhar água. Nossa prática era mais ou menos assim: acendíamos os rojões, contávamos até cinco e atirávamos na água.
Um dia o Alfeu errou nas contas e ele explodiu em sua mão, a mão do Alfeu ficou como estas luvas cirúrgicas quando se começa a encher. Parecia um balão. Me parece que ele quebrou vários dedos, não lembro bem...
Mas a história que quero contar mesmo foi da Guerra no Rio Guaíba, entre eu e mais dois contra a turma da Rua Demetrio Ribeiro...
Aguardem...