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domingo, agosto 20, 2006

Revolução Cubana: por Jorge Fischer Nunes


Jorge Fischer tinha quase dois metros de altura e era forte e calmo como um touro - por isso era da Policia de Choque, que ficava ali na Rua Riachuelo com a General Portinho, até se tornar subversivo, preso e torturado.
Nas aulas de tortura que os americanos sinistros vieram ministrar para o pessoal do DOI-CODI, numa espécie de “mestrado” da Policia do Exercito Brasileiro, uma das principais aulas era a aula-prática de choque.
Com medo de matar alguém acidentalmente, mandaram chamar o Fischer na prisão da Ilha das Pedras, já que ele era grande e forte, e, por isso, mais “resistente”. Ele me disse que os policiais deixaram-no nu, amarrado, deitado sobre uma mesa com braços e pernas abertos, num auditório de aula com todos os alunos torturadores sentados e concentrados, anotando cada detalhe que eles achavam mais importante. Então começou a demonstração: primeiro choque nas orelhas, depois nos mamilos e por ultimo nos testículos. Isto e muito mais ele contou em seu livro, “O Riso dos Torturados”.
Fischão, como também era conhecido pelos amigos, ria de tudo e gostava de contar causos de políticos safados, militares cagões, burgueses nojentos e revolucionários desbundados, como este, que ele me contou numa de uma de nossas “viagens”, o causo da Revolução Cubana.

Na libertação de Cuba do grande Império, os revolucionários não tinham muita experiência na lida de uma nação, já que a burguesia que detinha a mão-de-obra especializada (Industriais, comerciantes, médicos, jornalistas, cientistas, agrônomos etc.) fugiram como puderam do paredão para Miami.
No interior da ilha de Fidel, os revolucionários entraram numa fazenda de pesquisa de matrizes de animais valiosíssimos que acabaram de expropriarem.
Como tinham que assumir o controle da mesma e seguirem em frente, o capitão perguntou se alguém ali tinha conhecimento de fazenda de criação de gado. Quem mais conhecia era um sapateiro, que trabalhava com pedaços de couro, e, por isso, assumiu a administração da fazenda. Logo que assumiu, encontrou uma matriz de boi (valia bem mais do que 80 mil dólares), mastigando calmamente um pouco de palha especial, deitado sobre uma serragem de um pinheiro de cheiro perfumado, num establo com ar-condicionado, ambiente com luminação apropriada, água fresquinha e tratada, shampoo, óleos para massagem que tem um efeito estético. O boi fica com uma aparência melhor porque a massagem reduz as gorduras localizadas. Enfim, é cuidado com o maior mimo por equipe de várias pessoas.
Quando o sapateiro viu isto ficou louco da vida, deu um pontapé no boi dizendo: “Boi filha da puta! Burguês de merda! O povo passando fome, e tu aqui no bem-bom!!!”
Pegou uma faca e carneou o boi, fazendo o maior e melhor churrasco da revolução Cubana.

domingo, agosto 06, 2006

Jesus Guerreiro de Jorge. >>>> 5º parte.

- Jesus, meu guerreiro, chega de sofrer, - diz São Jorge, no sonho - agora chegou a hora de lutar de buscar o que te tiraram. Não foi fácil a tua vida até aqui. Você lutou contra forças muito maiores do que a do Marreta e seus soldados. Roubaram-te teus diretos e os do Marreta, ele é tão vítima quanto tu. Deus fez tudo isto que aqui está: o sol, a lua, as árvores, as montanhas, a chuva, os pássaros e o mar. Só depois de pronto este cenário, é que ele te botou aqui, para desfrutar de todas estas belezas. Só bem mais tarde é que as coisas evoluíram de uma forma errada, trocaram tudo, com alguns sinistros querendo mais do que já tinham para sua própria sobrevivência, e para ter mais precisavam tirar de ti e de outros. Mas tudo isto que ai está é teu!
- Mas o que pode ser meu, Jorge, se não tenho nada? O barraco que moro, que construí trazendo tabua por tabua, telha por telha lá de baixo até aqui em cima só contando com ajuda de minha mulher, não tem mais nada lá dentro, nem comida. Meus filhos já não querem mais descer o morro para irem à escola, quando descem são hostilizados. As meninas que quando pequenas eram amigas de minha filha na escola, agora debocham das suas roupas velhas e fora de moda, com os tênis furados e sem marca. As meninas riem dela e ela chora. Eu sei que ela chora Jorge, eu já vi só que não perguntei nada, sofri muito, mas não disse nada, não sabia o que dizer, eu não entendo por que existe tanta diferença, alguns poucos com muito e outros com nada! Jorge, já vi homem chorar, impotente, vendo a mulher e filhos com fome. Nestas horas, o neguinho quer ter um três oitão para buscar na marra comida para seus filhos, pois se pedir, ninguém te dá nada, só te dão esculacho. Primeiro, Jorge, por vergonha, eles pediam trabalho, qualquer coisa por uns trocados. Sabe Jorge, os bacanas batem a porta na tua cara, não te deixam nem mexer no seus lixos, para ver se encontra um pãozinho. Eles chamam os cachorros, dizem que vão chamar a policia... Como se uma pessoa com muita fome tivesse força para roubar alguma coisa. Mas não é medo o que elas sentem, elas têm nojo mesmo - até com revolver elas ameaçam. Nestas horas, o neguinho vai buscar na mão grande, e a maioria ainda não o fez porque não tem armas.
Jesus se vê todo orgulhoso no sonho, agora vestido com a mesma roupa de Jorge, e, quando olha para o seu lado direito, vê o Marreta com o maior sorrisão com cara do Saddam, ele Turcão, Santamaría, Chupeta e Boca Murcha debochadamente sorrindo, vestido com as armaduras, capas vermelhas e lanças, iguais a de Jorge.
Jesus dá um pulo, saindo do pesadelo. Acaba de acordar assustado e ofegante, tenta botar os óculos quebrados a o meio e percebe a extensão do murro do Santamaría. Seu olho esquerdo lateja, quase fechado pelo hematoma, seu nariz doi muito, ele acha que esta quebrado de tanta dor. Jesus se dá conta que tem de voltar enxergar, ele tem miopia de 3 graus e meio. Ele lembra quando enxergou o mundo pela primeira vez... Estava em alto mar numa baleeira fazendo pesca de arrasto, ele tinha 20 anos, lembra bem quando o Mestre tirou seus óculos para dar uma coçadinha nos cantos dos olhos e Jesus pediu para dar uma olhadinha. Ele não respondeu só fez um gesto de “Vai em frente...” Na hora que colocou os óculos... O mundo se mostrou, ele viu o horizonte e as varias tonalidades de cor que o mar mostrava, viu tudo com uma clareza que ele não sabia que era possível, as gaivotas voando perfeitas... e neste exato momento passava por eles, bem perto mesmo, um enorme navio casco-branco onde ele pode enxergar claramente (quando viu chorou), e nunca mais esqueceu o nome do navio: “Sant Ana”...
Continua...