Dr. Rogério Marinho, governador Amaral de Souza, Tito Tajes, eu e Setembrino Machado.
Ficção: Viagens na Maionese: Memórias de uma Vida em Transformação Um mergulho profundo nas experiências que moldaram minha vida, narrando histórias de mudanças, desafios e descobertas. Em cada capítulo, você encontrará uma jornada única, refletindo as nuances e complexidades de uma existência em constante evolução. Essas memórias, entrelaçadas com toques de fantasia e realidade
terça-feira, outubro 13, 2015
O Globo
Dr. Rogério Marinho, governador Amaral de Souza, Tito Tajes, eu e Setembrino Machado.
sábado, agosto 22, 2015
editora expressão
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
SOBREVIVI
Quando criei este blog, pensei que não haveria retorno para mim. Apenas quem viveu o que eu vivi pode afirmar com certeza: a vida é linda! A intenção era compartilhar experiências reais, algumas tão surreais que pareciam "viagens", narradas para aqueles que viriam depois de mim.
No entanto, ao descobrir que minha vida continuaria, interrompi as publicações para preservar minha imagem da saga de "Jesus me disse". Guardo relatos para compartilhar com amigos, ex-amigos e aqueles que planejo reencontrar, buscando perdão e evitando ferir qualquer ser novamente. Pessoas que contribuíram para minha jornada terrena, como a trama da TV Cabo, o cachimbo do Acari Amorim, Zuba Coutinho da revista *Expressão*, Olívio Lamas, Carlão do *JB*, o presidente Collor, Ademar Bem Johnson, Zé Netto do *DC*, Gerson Schirmer no Canto da Lagoa, Eduardo Paredes, em uma viagem com Jesus na Lagoa, Marco Cezar da *Mural*, o delegado Eloy, entre outros grandes amigos.
Quem sabe? Talvez uma nova fase mais animada esteja por vir.
25/10/2005
Ilha das Flores
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segunda-feira, dezembro 05, 2011
CARTEIRA DE MOTORISTA.
quinta-feira, julho 15, 2010
a marca "Jornal do Brasil".
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Guerra no Rio Guaíba.
O lago da Redenção já era pequeno demais para minhas aventuras náuticas, e, além disto, descobri que o seu Zé alugava barcos no rio Guaíba sem nenhuma exigência, então passei olhar as ilhas em frente do bairro Alto da Bronze como terras a serem conquistadas. Só tinha um problema... O dinheiro para o aluguel do barco ali era bem mais caro que os da Redenção.
Eu estava decidido a embarcar numa aventura até a ilha mais próxima e para isto comecei uma pesquisa no Colégio Paula Soares onde estudava, na 4º serie. Foquei um guri que poderia financiar esta empreitada. Notava que ele sempre andava com um bom corte de cabelos, boas roupas e um sorriso que ele não tirava do rosto nem mesmo brabo, via também que as professoras lhe dedicavam total atenção e às vezes ele era buscado de automóvel no colégio. No colégio nós éramos amigos, mas só no colégio. Nunca via ele na rua ou na pracinha com alguma turma de guris, mas ele tinha uma cara boa de gente legal e foi por isto que o convidei para esta primeira aventura, uma conquista da ilha pequena e ele topou na hora. Só tinha um problema: ele era de uma espécie de guri rico e bem cuidado. Depois vim saber que ele era mesmo. Filho único no meio de cinco irmãs mais duas mães. Eu ainda não sabia que as pessoas se separavam. Ele foi o primeiro guri que conheci filho de pais separados. Para começar eu teria que ir até sua casa pedir permissão para seus pais - coisa estranha, eu saia à hora que queria depois das aulas e meus amigos também, imaginava que todo mundo era assim como eu.
Fui interrogado pela sua madrasta durante vários minutos, ela fazia questão de me mostrar o quanto valia aquele guri e isto quase me fez desistir da aventura no rio e ir com aquele príncipe (cara ele tinha) pra redenção.
Eu falei:
- Eu me responsabilizo por qualquer coisa que poderá vir a acontecer com ele.
Ela então falou:
- Quer dizer se acontecer do André (Jockyman, filho do Sérgio, um dos maiores e melhor jornalista que já conheci) morrer, você vai me dar um outro André?
Aí me dei conta da enorme responsabilidade, pensei:
“Puta que pariu... que fria estou me metendo”.
Depois de meia hora de recomendações, para a minha surpresa e angústia, ela concordou. Agora era eu que não mais queria ir ao rio e sim remar no lago da redenção, mas o André e o meu irmão não quiseram aceitar as mudanças de planos. Já de cara comecei a me preocupar para atravessar as ruas quase pegando ele pelas mãos que ele soltava querendo mostrar rebeldia. Logo eu, que nunca me preocupava com nada até este dia.
Ele e meu irmão iam correndo na frente como cachorrinhos de apartamentos e eu atrás com o coração na mão:
- Cuidado com o bonde, olha os carros, meu Deus!
Notei quando estávamos chegando ao velho Zé que a turma da Rua Demetrio Ribeiro tinha seu próprio barco, e todos estavam soltando rojões na água e fazendo uma enorme algazarra, alguns mergulhando e dando caldinho nos guris menores e os outros em pé dentro do barco mostravam destreza e velocidade no remo.
O André sentou na proa e meu irmão na popa enquanto eu sentei no meio, no lugar dos remos sob protestos dos dois.
Eu já tínha remado um quinhetos metros da margem e vi que entrava água pelas frestas mal calafetadas do barco e por isto já tinha duas latinhas estrategicamente posicionadas para ir tirando a água de dentro. Isto achei normal.
Então... vi a turma da Demetrio Ribeiro se aproximar velozmente em nossa direção, atirando rojões às gargalhadas. Foi quando um dos rojões caiu dentro do nosso barco fazendo ele se estremecer todo, quase rachando suas tabuas velhas e frágeis.
Reconheci o alemão Edson, seu irmão Lauro, o Cadico, e o “traidor” Martelinho, morador da Rua Fernando Machado que estava nos remos rindo e fazendo a maior força. Eu ameacei de quebrar suas caras se eles continuassem. Ai mesmo que eles riam mais e jogavam mais rojões. Pedi que meus marujos:
- Tirem à água do barco, tirem à água...
A água já estava tapando nossos pés e isso me deixava aflito: o que fazer se o barco afundasse com aquele principe dentro dele? Eu daria outro André à madrasta? O suor escorria no meu rosto naquela tensão da guerra de barcos, que mais parecia um filme de piratas com canhões e espadas. Enquanto os piratas liderados por alemão Edson com sua cara de mal e um dente de ouro exposto pelo sorriso cínico, bombardeavam meu navio. E eu dizia: "Continuem tirando a água!", mais aflito do que nunca. Foi então que decidi lutar de frente para proteger o principe André. Me levantei e peguei o meu remo-espada, que serviu para que eu rebatesse as fortes e pesadas balas de canhão. Rebati uma, duas, três, até que o capitão pirata deixasse de sorrir. Mas mesmo com uma pequena vantagem, meu navio era muito fraco e a água, apesar do empenho de meus marujos, já estava nas nossas canelas. Olhei para margem e vi o velho Zé que vinha gritando e remando em nossa defesa da guerra. Os meus tripulantes estavam paralisados de medo, mas, mesmo assim, o André continuava com seu sorriso de Curinga. Foi então que, felizmente, percebemos que a correnteza estava à nosso favor. Percebi que o navio pirata deles estava ficando de lado para o nosso. Apesar de ser mais fraco, o meu navio era maior que o deles e, com isso, empurramos com toda a força o nosso contra o deles. O gigantesco navio pirata vacilou na água, e, logo depois, virou, para nossa felicidade e desespero da turma da Demetrio Ribeiro, que ficaram agarrados ao navio e assustados com os corpos dentro do rio.
Logo me dispersei da minha "viagem" de filme e, aliviado, vi que meus tripulantes marujos estavam salvos. Foi aí que eu vi o velho Zé, que chegou ralhando com eles. Fomos rebocados pelo barco do velho, já que o nosso ficou à deriva com água que já cobria nossas canelas, mas contentes e felizes como todos os vencedores.
Anos depois nos encontramos por acaso, na combatente e vibrante sucursal do Jornal O Globo, no 2º andar do edifício do Relógio na Rua da Praia. Lá trabalhamos juntos por vários anos, eu como representante do Dr. Roberto Marinho, ele na redação e o Zezinho, meu irmão, como motorista e distribuidor do jornal em Porto Alegre.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Doca das Frutas.

Um dia um outro morador um negão forte pra cacete, completamente bêbado se aproximou do velho Zé e deu um violento soco em sua cara. O velho Zé, antes de cair no chão, sacou rapidamente a faca da cintura e num golpe de cima para baixo abriu o peito forte do negão que ficou surpreso com a velocidade do golpe. A coisa mais feia que já tinha visto até aquele dia. O agressor arquejando em pé com um enorme talho no peito que deixava ver seu coração batendo por traz das costelas, e ele com olhos arregalados com aquela reação do velho Zé que além de velhinho era também bem magrinho, mas ligeiro como um raio.
Antes das dragas começarem o aterro onde hoje é o colégio Parobé, a gurizada fazia uma vaquinha na pracinha da Bronze, e ia até as Docas das Frutas, onde os barcos ficavam atracados no porto em frente do Pão dos Pobres, vendendo todos os tipos de frutas que vinha das chácaras pelos lados da Serraria e de Belém Novo. Comprávamos meio cento de bergamota e voltávamos pela beira do rio descascando e colocando as casacas entre os dedos, jogando-as como bumerangues ou helicópteros. Era mais brincadeira do que vontade de comê-las.
Nesta mesma época das bergamotas, as vezes levávamos rojões e íamos jogando dentro do rio para ver espalhar água. Nossa prática era mais ou menos assim: acendíamos os rojões, contávamos até cinco e atirávamos na água.
Um dia o Alfeu errou nas contas e ele explodiu em sua mão, a mão do Alfeu ficou como estas luvas cirúrgicas quando se começa a encher. Parecia um balão. Me parece que ele quebrou vários dedos, não lembro bem...
Mas a história que quero contar mesmo foi da Guerra no Rio Guaíba, entre eu e mais dois contra a turma da Rua Demetrio Ribeiro...
Aguardem...
sexta-feira, dezembro 08, 2006
O Dedo duro.
sábado, outubro 21, 2006
GUARDA DE TRÂNSITO
- Estes cabeludos... todos maconheiros...
Um dia, encontrei perdido o apito do guarda noturno do Pioneiro. O guarda era o seu Albino, um velho e magro gauchão, ex-policial de trânsito que vivia com sua capa azul marinho de lã, cobrindo até os pés, um bigodão amarelado pelos palheiros fumados e um relho de nervo de pênis de cavalo na mão. Eu comecei a brincar com o apito como se fosse um guarda de trânsito, e, nesta mesma hora, passou um Jipe preto-e-branco (quero-quero) da Policia Civil e eu apitei para eles. Eles pararam e foi uma gargalhada geral, todo mundo riu, até quem não estava no grupo. A polícia nesta época era temida, caía sobre o Brasil neste ano nuvens escuras terríveis da Ditadura Militar. Continuamos brincando todos ali e quando menos esperávamos, eles surgiram: um veio a pé por trás e o outro chegou de Jipe com os faróis altos em nossa direção. Automaticamente joguei o apito no chão, eles chegaram com os revolveres na mão gritando e dando pontapés:
- Todo mundo com as mãos na parede, mãos na parede!!!
Enquanto um dava uma geral em todos encostados com as mãos na parede, o outro perguntava quem era o guarda de trânsito. Ninguém dizia nada. Éramos uns oito, com idades que variavam entre 13 e 16 anos. Eles falaram:
- Já que ninguém quer dizer quem estava apitando vai todo mundo preso!
Abriram a porta do camburão atrás e fomos entrando todos. Aí, os menores começaram chorar dizendo para os policiais: "Foi este aqui seu guarda, foi este aqui..." apontando pra mim. Eles ficaram putos e responderam:
- Já que não falaram quando perguntei agora vão todos em cana!
Foi a maior choradeira dos pequenos. Fomos levados presos para a famosa 8º delegacia, tida como torturadora. Sabia-se que o torturador era praticante de luta livre, o Jangada, um cara que pesava mais de 120 kg. Ele perguntou para os guardas que nós prenderam quem era o guarda de trânsito, sentado atrás de uma escrivaninha. Me empurraram para frente daquele monstro com uma cara de mau que me falou segurando uma palmatória:
- Bota este apito na boca e fica apitando até que eu bata nesta mesa para tu parar, se tu parar antes eu não vou bater na mesa, eu vou bater em ti!!! Vai, começa!!!
Magrinho... fui salvo por minha irmã, a Clara, que entrava na delegacia junto com um monte de mães e pais apavorados para nós tirarem de lá. Os guris menores choravam abraçados em seus pais... Depois de tudo explicado eles iam embora um de cada vez, a bomba sobrou pra mim que tomei o maior esculacho do Jangada, e fui o último a sair da delegacia.
domingo, setembro 03, 2006
Jesus me ouve. >>>>> 6º parte.
Encontrei Jesus, acordando numa manhã de sol de inverno, num frio de rachar do mês de agosto. Ele estava acabando de acordar. Mulheres, homens e crianças passavam apressados a caminho de suas compras no Mercado Publico, passavam por ele, ali deitado, tremendo de frio sem prestarem atenção; de quando em quando pombas rompem vôos fazendo rufarem suas asas para em seguida posarem novamente entre os pedrestes. Notei que ele estava com os pés inchados e destapados, barbudo, roupas imundas e estava deitado num banco de cimento, embaixo de uma árvore baixa nativa, enrolado num cobertor azul tipo aqueles usados para embalar móveis em mudanças. Ele olhava para todos os lados, até reconhecer onde estava.
Cheguei mais perto e comprimentei-o: “Bom dia!”.
Ele me olhou desconfiado e nada respondeu, ficou olhando para cima vendo os raios de sol passar por entre as folhas da árvore.
Perguntei: “Quer tomar um gole?” E estendi a garrafa de cachaça quase no fim. Ele sentou no banco, deu um gole e devolveu a garrafa dizendo que estava com uma puta fome, olhava e apontava para barriga para mostrar que dava para ouvir que estava roncando: ela roncou tão alto que começamos a rir, rimos até quase chorar, os dois bêbados dando risadas às nove da manhã de um dia da semana... Quem olhava não entendia!
Curiosamente, também senti muita fome e não estava a fim de beber como em dias anteriores.
Como eu tinha algum dinheiro e estava mais bem vestido que o Jesus, fui até a padaria e pedi dois pães com manteiga e uma média com leite que trouxe dentro de duas garrafinha de água-mineral. Comemos ali sentados vendo as pessoas passarem. Os pombos atraídos pelos pães vieram em revoada, ficando em nossa volta. Foi quando ele me perguntou: “Diz ai gaúcho, o que tu veio fazer aqui, veio passar férias? Perguntou, rindo ironicamente”.
Respondi que tinha voltado para o meu estado natal e que sempre fora esta minha vontade, pois tinha nascido aqui, mas nunca tinha morado. Saí com menos de dois anos e voltei com 37 anos.
Eu precisava falar para alguém que estava recaído, eu não agüentava mais beber, e novamente estava coberto com a lama do fundo do poço. Eu falei:
- Estou recaído já há 2 anos.
Ele não entendeu, ficou me olhando como se eu tivesse dito que estava com alguma doença contagiosa. Eu sou alcoólatra e não consigo ficar no primeiro gole. Ele ficou ainda mais espantado e perguntou. - Como assim, alcoólatra? Eu sorri e disse: “vou te contar, minha história, como tudo começou...”:
Quando tinha uns 17 anos, não conseguia entender como é que os meus amigos podiam beber Vodka, Conhaque, Uísque, Cerveja e Cachaça com Limão, com Underberg, com Bitter, com losna, com mastruz... urgh!
Bom era beber Grapete, Pepis-cola, Guaraná, Minuano-limão, Fanta-uva, fumar umzinho e suco de laranjas, isto sim era bom! Mas álcool... Não sei como conseguiam.
Mas, numa noite, eu estava num Parque de Diversões que havia chegado na Chácara das Pedras, com todos os meus amigos felizes da vida apostando, correndo de estande em estande: uns no estande de tiros ao alvo, tiros nos patinhos coloridos que ficavam passando continuamente e quando eram atingidos caiam para o lado, outros amigos na Roda-Gigante, no Barquinho, dirigindo os autinhos elétricos para estacioná-los na garagem e retira-los de lá, no Chapéu-Mexicano e outros no Carrossel...
E eu, numa barraquinha de jogos de argolas, aquelas, que se você conseguisse argolar o prêmio, levava na hora. Eu mirei minha última argola de três, numa bailarina de gesso, linda, dançando com os braços para cima nas pontas dos pés, joguei, errei, acertei um litro de vermute...
Abri ali mesmo e provei, senti o gosto doce do Vermute e bebi vários goles, pouco tempo depois... Foi incrível! Foi maravilhoso! Tudo se transformou para muito melhor. As luzes, à noite, a música, o céu maravilhosamente estrelado, o néon colorido da Roda-gigante, as meninas no Carrossel com os cavalinhos subindo e descendo. As pessoas além de ficarem mais altas também ficaram lindas, todas sorriam. Pareciam que quando caminhavam seus passos atingiam uns três metros cada em câmera-lenta. Também fiquei assim, me aproximava das meninas, falava qualquer coisa que as deixavam felizes, dava beijinhos em seus pescoçinhos brancos e saia flutuando, toda minha timidez desapareceu, eu declamava, cantava e dançava como se fosse um bailarino no Paraíso, as atenções de todo Parque, pareciam toda voltada pra mim, meus amigos me aplaudiam e eu era o guri mais feliz do mundo!
- Foi então, que compreendi companheiro, - como é mesmo o teu nome ?
Vomitei quase as tripas, naquela noite, e nunca mais consegui beber Vermute sem enjoar.