tag:blogger.com,1999:blog-281665412024-03-18T23:59:16.184-03:00Eloy Figueiredo Viagens na maionese: memórias de uma vida em transformação um mergulho profundo nas experiências que moldaram minha vida.Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-42590955839911297912024-03-17T23:39:00.001-03:002024-03-17T23:39:48.266-03:00Gaudério <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiflgfkTNXtdZpwPpH8GkBS0wI7UV-MUxFPZRzewI5Q2RIfieucFLwdKxi6Kp_iaH4D2jj1FDJfbRiXwNmDpejWTcqCdBn2UmBKDmnSWCkrx_VTUkSDUmCPoPRrG5lhwGxpQ9zN97RlFeFRJZZT1WEQxzz6F5XhieaQmd3g0Cw12e_Wm28lfYGE/s1010/Boiadeiro%20Paulista%20de%20Botucatu,%20s%C3%A9c_XX,%20Fam%C3%ADlia%20Pedroso.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1010" data-original-width="659" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiflgfkTNXtdZpwPpH8GkBS0wI7UV-MUxFPZRzewI5Q2RIfieucFLwdKxi6Kp_iaH4D2jj1FDJfbRiXwNmDpejWTcqCdBn2UmBKDmnSWCkrx_VTUkSDUmCPoPRrG5lhwGxpQ9zN97RlFeFRJZZT1WEQxzz6F5XhieaQmd3g0Cw12e_Wm28lfYGE/s320/Boiadeiro%20Paulista%20de%20Botucatu,%20s%C3%A9c_XX,%20Fam%C3%ADlia%20Pedroso.jpeg" width="209" /></a></div><br /><p><br /></p><p>Quando via um gaudério sem destino</p><p>Ficava pensando porque será que o vivente andava por esses pagos agora assim sem rumo tão qual um cusco sem dono. </p><p><br /></p><p>Eles apeiam do baio, procuram uma sombra tranquilito no mas. Amarram o baio e aí sim, se aproximam do bolicho, batendo na aba do chapéu gritam: ó de casa, posso me achegar! Essa e a senha do cheiro do mate amargo que eles sentem no ar. </p><p><br /></p><p>São queimados do sol, com a pele seca como de cobra quando lagarteando nas manhãs. Falam pouco, quase sempre só respondem para se apresentar, sou de Palmeira das Missões mas toco muita boiada para as bandas do rio Uruguai. </p><p><br /></p><p>Quando encontram uma chinoca por esses fandangos da vida. Uma coisa é certa. Não deixam tocar suas cabeças. Ficam com receio de sentir igual a um Pierro abandonado e ficarem abanando o rabo. </p><p><br /></p><p>Vai gaudério, foge do teu destino, cavalgando nas noites de vento minuano com o céu coberto de estrelas. Se o destino chegar primeiro não deixe que ninguém saiba o que aconteceu nem por onde andou este pobre desgarrado.</p><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-67349446575544177592023-08-13T15:24:00.004-03:002023-09-03T15:28:53.110-03:00APAGAMENTO<p><span style="font-family: times; font-size: large;">Jesus me disse que acordou assustado, com uma dor de cabeça insuportável e louco de sede em um lugar horrível, escuro, iluminado por uma lâmpada muito fraca, esfumaçado e fedorento. Viu que havia outros homens, aparentemente mendigos, maltrapilhos e desgraçados. Aos poucos, percebeu que estava em uma cela de um presídio. Não conseguia compreender nada, tudo era confuso.</span></p><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">Ficou quieto em um canto, desejando loucamente um cigarro, mas não queria pedir. Supôs que os homens presos ali eram ladrões, assassinos, traficantes, ou que estavam ali pela lei Maria da Penha. Pela maneira que eles falavam entre si eram bandidos de longa data, acostumados com a ida e vinda no presídio, já que tinham tatuagens e trejeitos de quem já conhece o ambiente. Uns tinham o olhar frio, distante. Outros encaravam diretamente, sem expressão ou com um olhar de ódio. Tentou forçar a memória e lembrar porque havia sido preso. Lembrou que tudo tinha acontecido na sexta-feira pois recebeu seu salário semanal. Lembrou que foi pro bar e gastou todo seu dinheiro em cerveja. Ficou sentado ali no chão, no piso frio e sujo, próximo do que chamavam de 'boi'. Um cheiro insuportável dificultava o esforço mental para recordar o que tinha acontecido.</span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">O sábado passou muito rápido. Nem viu o tempo passar. No domingo à tarde teve coragem para perguntar ao carcereiro se a esposa ou a sogra haviam deixado alguma carteira de cigarros ou qualquer outra coisa para ele. O carcereiro respondeu com uma expressão de nojo, cuspindo no chão:</span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">"Cara, tu matou sua mulher e tua sogra, não lembra?"</span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">Ficou em choque. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. </span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">Não lembrava de nada. O carcereiro explicou que havia sido preso por tê-las matado a facadas. Ele amava a esposa, ela era a pessoa mais perfeita, íntegra, honesta, trabalhadora... era loucamente apaixonado. A sogra era a bondade toda dentro dela. Uma mulher religiosa, caridosa que atendia todo mundo com muito carinho e tinha os acolhido em sua casa depois que ficou desempregado. </span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">Jesus não conseguia acreditar. Logo ele que nunca havia feito nada de errado na vida. Um homem bom, trabalhador, honesto, um marido e genro amoroso. Ele não conseguia entender como poderia ter feito algo tão terrível.</span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;">Foi levado para uma sala de interrogatório e foi interrogado pela polícia por horas. Ele tentava explicar que não lembrava de nada, mas eles não acreditaram. Os policiais disseram que estava mentindo, tentando encobrir seu crime hediondo. Foi levado para o tribunal e condenado à pena máxima por duplo homicídio, sem a possibilidade de liberdade condicional.</span></div><div dir="auto"><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></div><div><span style="font-family: times; font-size: large;">Ele agora está há 10 anos na prisão. Ainda não lembra de nada do que aconteceu naquela noite. Todos os dias ele quer desesperadamente descobrir a verdade. Quer saber se realmente matou a esposa e a sogra. Precisa saber se é um monstro.</span></div><div><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div></div><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-52851696941237794822022-07-13T10:22:00.005-03:002023-08-13T17:01:30.985-03:00AVANTE <p><br /></p><p><span style="font-size: large;">Não te sinta vencido a nenhum vencido</span></p><p><span style="font-size: large;">Nem te sinta escravo de outro escravo.</span></p><p><span style="font-size: large;">Tremendo de pavor, sinta-se bravo e arremete mesmo que ferido. </span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">Proceda como Deus que nunca chora ou como lúcifer que nunca reza. Ou como o Carvalho que com sua grandeza necessita de água mas não implora! </span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">Tenha a sagacidade de um prego enferrujado que mesmo velho e torto, volta a ser prego.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">Não se acovarde como o pavão que encolhe sua penagem ao menor ruído.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">Morda, grite, vocifere bravamente, mesmo rolando pelo chão sua cabeça! </span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">- um dia escutei, gravei e divido com vocês! </span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><br /></p><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-19220321340680472552016-10-03T14:23:00.002-03:002023-12-01T02:37:56.904-03:00Eloy Figueiredo / Baru Derkin<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLbU1DYWA4pZHYtcJP7m63mFglALr76bqtCZ0RFNZwcnlXoR5XKuup4CIBFdd1aKvO2EgOfhkhyphenhyphenICpfxa7ZVP7Q62GlIaFUYKn0y8uiLpywPMJthwNKeFM36kjHmsrnUSx8S2E/s1600/conde+de+moto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLbU1DYWA4pZHYtcJP7m63mFglALr76bqtCZ0RFNZwcnlXoR5XKuup4CIBFdd1aKvO2EgOfhkhyphenhyphenICpfxa7ZVP7Q62GlIaFUYKn0y8uiLpywPMJthwNKeFM36kjHmsrnUSx8S2E/s320/conde+de+moto.jpg" width="320" /></a>Sucursal de O Globo em Porto Alegre, 1980 </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3Hm2U3L7jXkKe8QkKMJsbqtyZCP0B8UImnd8w4l3-KrniejVOLTq9HY3brjt7yGPgN-iae9GoGAvwkAxOFM985Qx2nxy9Ob2_JCC6LyhnxgGHGVMHScaTPg5tslq1evvPERO1/s1600/IMG_20161003_140012.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3Hm2U3L7jXkKe8QkKMJsbqtyZCP0B8UImnd8w4l3-KrniejVOLTq9HY3brjt7yGPgN-iae9GoGAvwkAxOFM985Qx2nxy9Ob2_JCC6LyhnxgGHGVMHScaTPg5tslq1evvPERO1/s320/IMG_20161003_140012.jpg" width="199" /></a>Baru Derkim, além de um grande repórter fotográfico, adorava desenhar. </div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-73130102315280649382016-09-29T18:40:00.004-03:002023-12-04T00:52:36.407-03:00Ernesto Meyer Filho/JB<br />Conheci Mayer Filho, um artista extremamente fascinante, enquanto trabalhava na sucursal do Jornal do Brasil em Florianópolis. Passamos diversas tardes tomando chopp juntos e discutindo animadamente suas teorias sobre a existência de vida em outros planetas, sempre no balcão do Box 32 do mercado público.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5z1kmN7_8RRH-rgsHbqpO_JdzZzUqNxBHkLwAA7RhD8WIprQ0_IC2mwvJE00Cht9q9DTIqW6tgYySYwIciCmkomDQlGv5ZZ6_RfcFpOtnfdYSwfvOwqB8neMCL46eb0qP3Kz3/s1600/IMG_20160920_204113.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="167" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5z1kmN7_8RRH-rgsHbqpO_JdzZzUqNxBHkLwAA7RhD8WIprQ0_IC2mwvJE00Cht9q9DTIqW6tgYySYwIciCmkomDQlGv5ZZ6_RfcFpOtnfdYSwfvOwqB8neMCL46eb0qP3Kz3/s320/IMG_20160920_204113.jpg" width="320" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheSZhwiPGw-rLyDOc0wXMLeWiD02evD7WE4Q0BHpAF4QxRaB9UoXEek7gAbk-yhaK1rLPWQsCr_OW2CRNTeyQwqDIrM9vdyow420ogcOCeLCgQcPCYjTIG5Mqrr1Yp1zN19D9w/s1600/IMG_20160920_204243.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="167" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheSZhwiPGw-rLyDOc0wXMLeWiD02evD7WE4Q0BHpAF4QxRaB9UoXEek7gAbk-yhaK1rLPWQsCr_OW2CRNTeyQwqDIrM9vdyow420ogcOCeLCgQcPCYjTIG5Mqrr1Yp1zN19D9w/s320/IMG_20160920_204243.jpg" width="320" /></a></div>
Ernesto Meyer Filho. By Eloy Figueiredo.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdOpWMAl8gWZ8HyQjDsWKJqBXQQ_9YEiZwcGY7B6cNXkUloVeA5zXJOS6hxK2iAgrBwEvURXSKmnu3woiLFeR9edaoVzazyjfdqw4t50rQULkJmPJmfvx6XUjsGgGmYNdLbQDZov4CZ_X9pO_HmDtJ5GS53rNtWEcAqyNbKu46OhW1KCveQCX9/s1344/Screenshot_20231204-002906.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1344" data-original-width="1055" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdOpWMAl8gWZ8HyQjDsWKJqBXQQ_9YEiZwcGY7B6cNXkUloVeA5zXJOS6hxK2iAgrBwEvURXSKmnu3woiLFeR9edaoVzazyjfdqw4t50rQULkJmPJmfvx6XUjsGgGmYNdLbQDZov4CZ_X9pO_HmDtJ5GS53rNtWEcAqyNbKu46OhW1KCveQCX9/s320/Screenshot_20231204-002906.png" width="251" /></a></div><br /><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-28285508527815703192015-10-13T14:29:00.016-03:002023-12-09T19:02:00.046-03:00O Globo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;">A vibrante sucursal do Jornal O Globo, no 2º andar do edifício do Relógio na Rua da Praia esquina com a rua da Ladeira, era um microcosmo da cidade de Porto Alegre. A equipe, formada por jornalistas, fotógrafos e o comercial com Setembrino Machado era composta por pessoas de diferentes origens e experiências, que trabalhavam juntas para produzir um jornalismo de qualidade.</span></div><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;">Os fotógrafos Gerson Schirmer, Baru Derkin, Eduardo Guimarães e o Santinho eram responsáveis por registrar os acontecimentos do estado. Schirmer, um dos mais respeitados fotógrafos do Rio Grande do Sul, era conhecido por seu olhar apurado e sensibilidade. Derkin era um especialista em fotojornalismo esportivo e adorava fazer caricaturas, e Guimarães era um mestre em retratar a vida cotidiana dos porto-alegrenses. O Santinho, era um fotógrafo popular que tinha um talento especial para captar o humor e a ironia da vida urbana.</span></div><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;">A redação da sucursal era composta por jornalistas experientes e talentosos. O chefe era o Tito Tajes. André Jockman, era um jornalista respeitado por sua integridade e profissionalismo. Paulo Gerson Antunes de Oliveira, o chefe de reportagem, era um jornalista dinâmico e criativo. José Adaltho de Vasconcellos, o repórter especial, era um especialista em política. Félix Valente, o repórter de polícia, era um jornalista corajoso e comprometido. Enio Staub, o repórter de economia, era um jornalista experiente e competente. José Julian, o repórter de esportes, era um apaixonado pelo futebol. Valci Zucoloto, a repórter, era uma jornalista antenada com as tendências. Higino Barros era habilidoso e criativo.</span></div></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Söhne, ui-sans-serif, system-ui, -apple-system, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, Cantarell, "Noto Sans", sans-serif, "Helvetica Neue", Arial, "Apple Color Emoji", "Segoe UI Emoji", "Segoe UI Symbol", "Noto Color Emoji"" style="background-color: #444654; color: #d1d5db; font-size: 16px; text-align: start; white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Söhne, ui-sans-serif, system-ui, -apple-system, "Segoe UI", Roboto, Ubuntu, Cantarell, "Noto Sans", sans-serif, "Helvetica Neue", Arial, "Apple Color Emoji", "Segoe UI Emoji", "Segoe UI Symbol", "Noto Color Emoji"" style="background-color: #444654; color: #d1d5db; font-size: 16px; text-align: start; white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFHR2D6QPNsDIsweg0PgJhPJ_LjwpoL9MAq2b1cHL-WFvYN_uRwUyK-k7aHB5WEEgvcWpPcwayaYv0oGQBowWTUEIG5Fqju3LFUlTeSW9dD8BQpI0WkGNiVB2OfVbJb9kv3nyo/s1600/Digitalizado+em+18-6-2011+17-46+%25285%2529.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFHR2D6QPNsDIsweg0PgJhPJ_LjwpoL9MAq2b1cHL-WFvYN_uRwUyK-k7aHB5WEEgvcWpPcwayaYv0oGQBowWTUEIG5Fqju3LFUlTeSW9dD8BQpI0WkGNiVB2OfVbJb9kv3nyo/s320/Digitalizado+em+18-6-2011+17-46+%25285%2529.JPG" width="235" /></a>Eloy Figueiredo e José Figueiredo</div>
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Figueiredo </div>
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sucursal de Porto Alegre de O Globo</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW6TPJhblnLMpxyk1O0BqNSDh5cACaDaNYcJaois3D3A6rMoSUcUj1ClLJhrGGzEy5owwX1qVzoshKblY7NXGs5kdRWejoF6YXhGzOAGQkBKW0zXYoFf4lzmLpvgX1a39xIODy/s1600/eloy+e+andr%25C3%25A9.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW6TPJhblnLMpxyk1O0BqNSDh5cACaDaNYcJaois3D3A6rMoSUcUj1ClLJhrGGzEy5owwX1qVzoshKblY7NXGs5kdRWejoF6YXhGzOAGQkBKW0zXYoFf4lzmLpvgX1a39xIODy/s320/eloy+e+andr%25C3%25A9.JPG" width="320" /></a>Eloy Figueiredo</div>
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André Jockmann na primeira Fenachamp</div>
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Eloy Figueiredo</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
O Globo</div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-37897913702175644152015-08-22T13:07:00.015-03:002023-12-01T02:41:33.561-03:00editora expressão <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY1USUEmDF29gZZqg-XgvjqrvQuyROaLYiFnfEcKOCc-brvlwpCUMVlkHuaamKnS-rRGsCG1wr4k-m-rbErS_XP_AJGp8ADfwXLo7SPoL_dD6LTRVKFYjVpBy2lgp0xGTzV9fRA0TWOFnJGZJ4Rwf2SxrMdpLwZybc9R5uNQM37C55WRaQcSly/s280/Express%C3%A3o.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="189" data-original-width="280" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY1USUEmDF29gZZqg-XgvjqrvQuyROaLYiFnfEcKOCc-brvlwpCUMVlkHuaamKnS-rRGsCG1wr4k-m-rbErS_XP_AJGp8ADfwXLo7SPoL_dD6LTRVKFYjVpBy2lgp0xGTzV9fRA0TWOFnJGZJ4Rwf2SxrMdpLwZybc9R5uNQM37C55WRaQcSly/s1600/Express%C3%A3o.webp" width="280" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXlS_88_GMNvgg7_HleWql1D6M2QF0QTvq9yO90EyxlnDDziAyI-ei1AykwjWMww0eI1Ms_zPjdIRyOrMrb4U8I6aMvMt21ozJGukgBKy5D0b9HZAiPpT5XbH0F31S8ZD5YsYLmaEzyR7NadgrO9JT-rty_RIhqKdsPjktXtdMiGd4ux14Mgbm/s1752/Digitalizado%20em%2018-6-2011%2017-46%20(2)%20(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1752" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXlS_88_GMNvgg7_HleWql1D6M2QF0QTvq9yO90EyxlnDDziAyI-ei1AykwjWMww0eI1Ms_zPjdIRyOrMrb4U8I6aMvMt21ozJGukgBKy5D0b9HZAiPpT5XbH0F31S8ZD5YsYLmaEzyR7NadgrO9JT-rty_RIhqKdsPjktXtdMiGd4ux14Mgbm/s320/Digitalizado%20em%2018-6-2011%2017-46%20(2)%20(1).jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3IRbZfB1d6MYDzQ0uwJgPrACGVoGNZfHby8nq3MtMeSfiH2DdqTBZqXmza3jTOTP3b9b6jbT79fm-nvcipajeBAfScGXGcSbVOsvHa7cs43zpi1faFBfPA-LCpO05ZviJqE6c/s1600/Digitalizado+em+18-6-2011+17-46+%25283%2529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3IRbZfB1d6MYDzQ0uwJgPrACGVoGNZfHby8nq3MtMeSfiH2DdqTBZqXmza3jTOTP3b9b6jbT79fm-nvcipajeBAfScGXGcSbVOsvHa7cs43zpi1faFBfPA-LCpO05ZviJqE6c/s320/Digitalizado+em+18-6-2011+17-46+%25283%2529.jpg" width="217" /></a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">A Editora Expressão, fundada em 1990, buscava preencher lacunas na cobertura nacional, destacando-se por suas publicações pioneiras no Sul do Brasil. Notavelmente, o Guia de Sustentabilidade, incluindo o premiado Prêmio Expressão de Ecologia desde 1993, reconhecido como o principal do país no setor empresarial, certificado pelo Ministério do Meio Ambiente.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1160444877210845002012-02-20T14:42:00.009-02:002023-12-04T03:13:22.192-03:00SOBREVIVI <div><br /></div><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/Petrobras.gif"></a><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifMVMLxrPtbUbSBtH9jPxkmmZxPRBoIHBAGIUkehlze4PsdcJQlY06u2BEPhZOWs9mDztX-TjAQ0IEPQ1nuE3saO_6FdAwuOWWNmevirnApE4I7wxOp8h7MU2Y30XwetGm1i8KJdIYVoFEhcPsVPrswO1nA4OARmMDLwx7x6-DAMyWVAI9e5JC/s960/eloy.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifMVMLxrPtbUbSBtH9jPxkmmZxPRBoIHBAGIUkehlze4PsdcJQlY06u2BEPhZOWs9mDztX-TjAQ0IEPQ1nuE3saO_6FdAwuOWWNmevirnApE4I7wxOp8h7MU2Y30XwetGm1i8KJdIYVoFEhcPsVPrswO1nA4OARmMDLwx7x6-DAMyWVAI9e5JC/s320/eloy.jpg" width="213" /></a></div><div><br /></div><div><p>Quando criei este blog, pensei que não havia retorno pra mim. Apenas quem viveu o que vivi pode afirmar com certeza: quem tem, tem medo sim! A intenção era compartilhar experiências reais, algumas tão surreais que pareciam "viagens", narradas para aqueles que viriam depois de mim.</p><p>Entretanto, ao descobrir que minha vida continuaria, interrompi as publicações para preservar minha imagem da saga de "Jesus me disse". Guardo relatos para compartilhar com amigos, ex-amigos e aqueles que planejo reencontrar, buscando perdão e evitar ferir qualquer ser novamente. Pessoas que contribuíram para minha jornada terrena, como a trama da Tv Cabo, o cachimbo do Acari Amorim, Zuba Coutinho da revista Expressão, Olivio Lamas, Carlão do JB e o Presidente Collor, Ademar Bem Jonhson, Zé Netto do DC, Gerson Schirmer no Canto da Lagoa, Eduardo Paredes, numa viagem com Jesus na Lagoa, Marco Cezar da Mural, Delegado Eloy, entre outros grandes amigos.</p><p>Quem sabe, talvez uma nova fase mais animada esteja por vir.</p><p>25/10/2005</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div><div><br /></div><br />
<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=28166541&postID=116044487721084500#"><strong><span style="color: #3366ff; font-size: 180%;">Ilha das Flores</span></strong></a><strong><span style="font-size: 180%;"><br /></span></strong>>>>>>assista clicando aqui<<br />
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<br /><br /><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-37491402991312345502011-12-05T23:33:00.004-02:002023-12-05T14:58:05.890-03:00CARTEIRA DE MOTORISTA.<div class="MsoNormal">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: large; line-height: 27px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: large; line-height: 27px;">Não quero, nem de longe, ter a pretensão de pensar que posso comparar o que sinto aos sentimentos de escritores ou compositores. Porém, assemelho-me numa característica dos mesmos, quando escrevem ou falam que precisam dar vida (e sentido) às historias que lhes chegam, prontinhas, esperando para serem compartilhadas. Elas precisam sair, elas pedem para serem colocadas pra fora, pulsam dentro da gente. Isto é o que sinto quando uma historinha chega pedindo para ser mostrada. Vou libertar esta, que já esta há algum tempo pedindo para que outra chegue em seu lugar!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large; line-height: 115%;">A viagem aconteceu numa sexta-feira 13, em agosto de 1974 - sei o dia e ano, pois foi neste dia que eu tirei minha carteira de habilitação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large; line-height: 115%;">Uma das primeiras cidades catarinense que conheci trabalhando foi Joinville. Trabalhava numa edição pioneira de turismo da revista Programa fora de Porto Alegre. Neste ano eu já tinha carro, e dirigia já há alguns anos sem carteira de motorista. As repartições públicas nesta época davam até medo de entrar: eram cabide de empregos dos filhotes da ditadura militar - muito mais corruptos do que agora. Só tinha bandido e gente que só funcionava a base da corrupção. Negava-me a corromper os caras do DETRAN, reacionários, dedos-duros, a maioria bandidos. Não gostava de funcionário públicos, aquilo não cheirava bem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large; line-height: 115%;">Bueno, o diretor da revista, ficou sabendo que eu não tinha habilitação e comunicou que só seguiriam com quem estivesse com os documentos pessoais e do carro com tudo em cima. Eu tinha três dias para conseguir minha carteira. Fui pra Canoas onde era mais fácil. Fiz exames da legislação, paguei taxas e guias com tudo andando bem com os argumentos da viagem que eu tanto precisava ir. Imaginem só, a BR 101 neste ano... A maioria dos trechos era de paralelepípedos até Florianópolis, portanto tínhamos que ficar lá por no mínimo 1 mês. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large; line-height: 115%;">Estava dando tudo certo até chegar a sexta-feira 13 de agosto de 1974. O exame agora era de direção e dentro do carro estava o fiscal de transito com cara de quem comeu e não gostou. “Parar na lomba, seta direita, esquerda, ok!”, anotou ele na papelada que trazia presa numa prancheta. Quando retornamos ao pátio do DETRAN para fazer a ultima prova, a baliza, notei que tinha um carro grande antes do meu (não lembro se era um Sinca ou um Aero, mas o meu era um Fuscão 1500 74 com surdina Kadrom e rodas de talas- largas, zero bala!). Entrei pela direita na baliza e derrubei. O Cara de Quem Comeu e Não Gostou anotou alguma coisa. Fiz a baliza pela esquerda e derrubei novamente. Desci do carro protestando por eles terem fechado a baliza um pouco mais, alegando que os automóveis da frente eram maiores do que o meu Fuscão. Sentenciou o Cara de Quem Comeu e Não Gostou: “Volta em quarenta e cinco dias para outra oportunidade”. E foi se encaminhando para um trailer onde senti que o pedido de grana se daria ali. Fui tentando mostrar a ele o quanto esta carteira era importante pra mim, pra minha mãe, minha esposa, meus filhinhos, o cachorro e tudo mais... Eu precisava da carteira pra já!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">Chegamos no trailer. Ele pediu uma Pepsi e eu uma Brahma. Neste momento entra um menino de uns doze anos, engraxate. Ele senta na caixa, virado para o Cara de Quem Comeu e Não Gostou e oferece: “Uma escovadinha ai, moço?”. Ele colocou o pé para o menino escovar e eu aproveitei, tirei todo o dinheiro já separado para corrompê-lo e ofereci para o engraxate: “Te dou todo este dinheiro se tu convencer este fiscal a me dar a minha carteira!” Os olhos do menino brilharam e ele, já começando a chorar, implorou: “Dá a carteira pra ele moço, dá...” Neste momento, o Cara de Quem Comeu e Não Gostou deu a minha carteira! Dei o dinheiro para o engraxate que ficou a mil pelo Brasil e eu também. Acho que até o “cara” ficou emocionado! </span><span style="font-size: 18pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
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<span style="font-size: 18pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1166813970831913842007-01-01T12:00:00.006-02:002021-01-08T12:36:05.511-03:00Guerra no Rio Guaíba.<div align="justify">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF-LW6TAqtoG3D5r7_MogfoQQ3uug2rpkA_XepHQQDKv9v3Z_RHPb3E1vOlxAeVeP-X_hmlD9793uUoU2b2gRKel584-NBt6KcQWwVMvO7fFBHhwAphiSEq0VMudNBBqT4fBWi/s1600/guerra+no+rio+guaiba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="776" data-original-width="1170" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF-LW6TAqtoG3D5r7_MogfoQQ3uug2rpkA_XepHQQDKv9v3Z_RHPb3E1vOlxAeVeP-X_hmlD9793uUoU2b2gRKel584-NBt6KcQWwVMvO7fFBHhwAphiSEq0VMudNBBqT4fBWi/s320/guerra+no+rio+guaiba.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: 130%;"><br />O lago da Redenção já era pequeno demais para minhas aventuras náuticas, e, além disto, descobri que o seu Zé alugava barcos no rio Guaíba sem nenhuma exigência, então passei olhar as ilhas em frente do bairro Alto da Bronze como terras a serem conquistadas. Só tinha um problema... O dinheiro para o aluguel do barco ali era bem mais caro que os da Redenção.</span><br />
<span style="font-size: 130%;"><br />Eu estava decidido a embarcar numa aventura até a ilha mais próxima e para isto comecei uma pesquisa no Colégio Paula Soares onde estudava, na 4º serie. Foquei um guri que poderia financiar esta empreitada. Notava que ele sempre andava com um bom corte de cabelos, boas roupas e um sorriso que ele não tirava do rosto nem mesmo brabo, via também que as professoras lhe dedicavam total atenção e às vezes ele era buscado de automóvel no colégio. No colégio nós éramos amigos, mas só no colégio. Nunca via ele na rua ou na pracinha com alguma turma de guris, mas ele tinha uma cara boa de gente legal e foi por isto que o convidei para esta primeira aventura, uma conquista da ilha pequena e ele topou na hora. Só tinha um problema: ele era de uma espécie de guri rico e bem cuidado. Depois vim saber que ele era mesmo. Filho único no meio de cinco irmãs mais duas mães. Eu ainda não sabia que as pessoas se separavam. Ele foi o primeiro guri que conheci filho de pais separados. Para começar eu teria que ir até sua casa pedir permissão para seus pais - coisa estranha, eu saia à hora que queria depois das aulas e meus amigos também, imaginava que todo mundo era assim como eu.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-size: 130%;">No dia combinado fui eu e meu irmão mais novo, Zezinho, até o amplo apartamento no edifico GBOEx, onde ele morava pedir permissão e mentir para ele ir comigo andar de barco na Redenção.<br />Fui interrogado pela sua madrasta durante vários minutos, ela fazia questão de me mostrar o quanto valia aquele guri e isto quase me fez desistir da aventura no rio e ir com aquele príncipe (cara ele tinha) pra redenção.<br />Eu falei:<br />- Eu me responsabilizo por qualquer coisa que poderá vir a acontecer com ele.<br />Ela então falou:<br />- Quer dizer se acontecer do André (Jockyman, filho do Sérgio, um dos maiores e melhor jornalista que já conheci) morrer, você vai me dar um outro André?<br />Aí me dei conta da enorme responsabilidade, pensei:<br />“Puta que pariu... que fria estão me metendo”.<br />Depois de meia hora de recomendações, para a minha surpresa e angústia, ela concordou. Agora era eu que não mais queria ir ao rio e sim remar no lago da redenção, mas o André e o meu irmão não quiseram aceitar as mudanças de planos. Já de cara comecei a me preocupar para atravessar as ruas quase pegando ele pelas mãos que ele soltava querendo mostrar rebeldia. Logo eu, que nunca me preocupava com nada até este dia.<br />Ele e meu irmão iam correndo na frente como cachorrinhos de apartamentos e eu atrás com o coração na mão:<br />- Cuidado com o bonde, olha os carros, meu Deus! </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-size: 130%;">Quando chegamos para escolher o barco, escolhi o mais largo e com melhor estabilidade, porem ele era pesado e lento, mas sabia que este não viraria.<br />Notei quando estávamos chegando ao velho Zé que a turma da Rua Demetrio Ribeiro tinha seu próprio barco, e todos estavam soltando rojões na água e fazendo uma enorme algazarra, alguns mergulhando e dando caldinho nos guris menores e os outros em pé dentro do barco mostravam destreza e velocidade no remo.<br />O André sentou na proa e meu irmão na popa enquanto eu sentei no meio, no lugar dos remos sob protestos dos dois.<br />Eu já tínha remado um quinhetos metros da margem e vi que entrava água pelas frestas mal calafetadas do barco e por isto já tinha duas latinhas estrategicamente posicionadas para ir tirando a água de dentro. Isto achei normal.<br />Então... vi a turma da Demetrio Ribeiro se aproximar velozmente em nossa direção, atirando rojões às gargalhadas. Foi quando um dos rojões caiu dentro do nosso barco fazendo ele se estremecer todo, quase rachando suas tabuas velhas e frágeis.<br />Reconheci o alemão Edson, seu irmão Lauro, o Cadico, e o “traidor” Martelinho, morador da Rua Fernando Machado que estava nos remos rindo e fazendo a maior força. Eu ameacei de quebrar suas caras se eles continuassem. Ai mesmo que eles riam mais e jogavam mais rojões. Pedi que meus marujos:<br />- Tirem à água do barco, tirem à água...<br />A água já estava tapando nossos pés e isso me deixava aflito: o que fazer se o barco afundasse com aquele principe dentro dele? Eu daria outro André à madrasta? O suor escorria no meu rosto naquela tensão da guerra de barcos, que mais parecia um filme de piratas com canhões e espadas. Enquanto os piratas liderados por alemão Edson com sua cara de mal e um dente de ouro exposto pelo sorriso cínico, bombardeavam meu navio. E eu dizia: "Continuem tirando a água!", mais aflito do que nunca. Foi então que decidi lutar de frente para proteger o principe André. Me levantei e peguei o meu remo-espada, que serviu para que eu rebatesse as fortes e pesadas balas de canhão. Rebati uma, duas, três, até que o capitão pirata deixasse de sorrir. Mas mesmo com uma pequena vantagem, meu navio era muito fraco e a água, apesar do empenho de meus marujos, já estava nas nossas canelas. Olhei para margem e vi o velho Zé que vinha gritando e remando em nossa defesa da guerra. Os meus tripulantes estavam paralisados de medo, mas, mesmo assim, o André continuava com seu sorriso de Curinga. Foi então que, felizmente, percebemos que a correnteza estava à nosso favor. Percebi que o navio pirata deles estava ficando de lado para o nosso. Apesar de ser mais fraco, o meu navio era maior que o deles e, com isso, empurramos com toda a força o nosso contra o deles. O gigantesco navio pirata vacilou na água, e, logo depois, virou, para nossa felicidade e desespero da turma da Demetrio Ribeiro, que ficaram agarrados ao navio e assustados com os corpos dentro do rio.<br />Logo me dispersei da minha "viagem" de filme e, aliviado, vi que meus tripulantes marujos estavam salvos. Foi aí que eu vi o velho Zé, que chegou ralhando com eles. Fomos rebocados pelo barco do velho, já que o nosso ficou à deriva com água que já cobria nossas canelas, mas contentes e felizes como todos os vencedores.<br /><br />Anos depois nos encontramos por acaso, na combatente e vibrante sucursal do Jornal O Globo, no 2º andar do edifício do Relógio na Rua da Praia. Lá trabalhamos juntos por vários anos, eu como representante do Dr. Roberto Marinho, ele na redação e o Zezinho, meu irmão, como motorista e distribuidor do jornal em Porto Alegre. </span></div>
<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1166145554939332962006-12-14T23:11:00.002-02:002023-12-06T23:47:31.291-03:00Doca das Frutas.<div align="justify">
<a href="http://photos1.blogger.com/x/blogger/5386/2979/1600/473867/12%20Gaucho%20argentino.jpg"><img alt="" border="0" src="https://photos1.blogger.com/x/blogger/5386/2979/320/626867/12%2520Gaucho%2520argentino.jpg" style="float: right; margin: 0px 0px 10px 10px;" /></a><span> </span><span><span style="font-family: times; font-size: medium;">Não lembro mais o nome da comunidade que ficava do outro lado da rua Washington Luiz, para quem descia pela Gen. Portinho até a beira do rio Guaíba. Ali morava o velho Zé, um gaúcho calmo e pescador, que também alugava barcos para passeios. Ele estava sempre de bombachas camisa branca aberta e com um cinto largo e uma faca atravessada nas costa, com bainha de prata toda trabalhada, que com ela ficava picando fumo de ramo com um pé no barco e o olhar perdido no horizonte.<br />Um dia um outro morador um negão forte pra cacete, completamente bêbado se aproximou do velho Zé e deu um violento soco em sua cara. O velho Zé, antes de cair no chão, sacou rapidamente a faca da cintura e num golpe de cima para baixo abriu o peito forte do negão que ficou surpreso com a velocidade do golpe. A coisa mais feia que já tinha visto até aquele dia. O agressor arquejando em pé com um enorme talho no peito que deixava ver seu coração batendo por traz das costelas, e ele com olhos arregalados com aquela reação do velho Zé que além de velhinho era também bem magrinho, mas ligeiro como um raio.<br /><br />Antes das dragas começarem o aterro onde hoje é o colégio Parobé, a gurizada fazia uma vaquinha na pracinha da Bronze, e ia até as Docas das Frutas, onde os barcos ficavam atracados no porto em frente do Pão dos Pobres, vendendo todos os tipos de frutas que vinha das chácaras pelos lados da Serraria e de Belém Novo. Comprávamos meio cento de bergamota e voltávamos pela beira do rio descascando e colocando as casacas entre os dedos, jogando-as como bumerangues ou helicópteros. Era mais brincadeira do que vontade de comê-las.<br />Nesta mesma época das bergamotas, as vezes levávamos rojões e íamos jogando dentro do rio para ver espalhar água. Nossa prática era mais ou menos assim: acendíamos os rojões, contávamos até cinco e atirávamos na água.<br />Um dia o Alfeu errou nas contas e ele explodiu em sua mão, a mão do Alfeu ficou como estas luvas cirúrgicas quando se começa a encher. Parecia um balão. Me parece que ele quebrou vários dedos, não lembro bem...<br /><br />Mas a história que quero contar mesmo foi da Guerra no Rio Guaíba, entre eu e mais dois contra a turma da Rua Demetrio Ribeiro...<br /><br />Aguardem...</span><br /></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1163796065462786272006-12-08T18:40:00.016-02:002023-12-04T03:27:03.122-03:00O Dedo duro.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8XvqM9Qp8auSzfXV9tgi7yCT2d3cHD-yNJhdw4SUMXPUGCYiRfn2zlUssIqfs_6NdpX3k-fGW4GrVa3fJExTQQFsD1L8ha94_CMEXU_KtdUusRFwttODOPcdZ4XReVE1pS9eP/s1600/dedoduro.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8XvqM9Qp8auSzfXV9tgi7yCT2d3cHD-yNJhdw4SUMXPUGCYiRfn2zlUssIqfs_6NdpX3k-fGW4GrVa3fJExTQQFsD1L8ha94_CMEXU_KtdUusRFwttODOPcdZ4XReVE1pS9eP/s320/dedoduro.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: 130%;"><br /></span>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">Para economizar na produção de uma edição de turismo do litoral norte Gaúcho no final da década de 70, seguiram em viagem um repórter, um fotógrafo, o cara do Comercial (Silvino Goulart) e o motorista Arlindo da Brasília da Editora.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">Três dias depois da saída desta equipe, toca o telefone numa reunião de pauta de fim de tarde. Atende o editor, coloca o telefone no modo viva-voz, e diz:</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Fala, meu!</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- É o Nunes, estou falando aqui de Capão da Canoa.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Tudo bem com o trabalho de vocês?</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Esta tudo bem sim, terminaremos ainda esta semana o trabalho de campo.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- E daê? O editor já começando a se impacientar com a ladainha.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Bem, sai daí com a incumbência e a responsabilidade de administrar as despesas de viagem...</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Sim eu sei.</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- Quando saímos de Porto Alegre para Tramandaí, o Barão, o Renato e o Arlindo pediram um adiantamento...</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Adiantamento pra que?</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- Fomos até o Porto, e eles compraram 50 pila de maconha e agora está acabando, eles querem comprar mais 50, aqui em Capão... O editor fica pensando preocupado e pergunta:</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- Mas eles estão fazendo algum tipo de escândalo? Tem risco de vocês serem presos?</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- Não, não! Eles são super reservados, só fumam dentro do carro.</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- E eles estão trabalhando? Como está o trabalho deles?</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- O Barão já fechou as duas capas internas, as páginas centrais, 4 cores, vários anúncios de páginas inteiras e meias páginas. Fechou também com uma construtora de Atlântida, um encarte em papel chambril 4 cores, para circular também dentro das edições normais da Editora. O fotografo já fez todas as fotos inclusive as do comercial e agora estamos seguindo para Torres onde o Barão falou que já fechou com um hoteleiro a quarta capa desta edição...</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: times; font-size: large;">- Então!!! Dá o dinheiro pra eles, meu!</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">Desligando o telefone, fala para o diretor administrativo, decidido:</span></div>
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<span style="font-family: times; font-size: large;">- Demita este dedo-duro na volta!!!</span></div>
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<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1161399143757305632006-10-21T23:32:00.004-03:002021-01-08T12:36:13.047-03:00GUARDA DE TRÂNSITO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiT2fem4NsjM0-rRI6aCqj2aU7tOmacwU1K0Fop71G5p22qROTcSV497MsZAiegBhxjCYyByOqw6fXtu3doQt2dInWY8SNhGFSD4mtzHT-El7jzCo5hhwiqThkBL4qcGb9L7Bg/s1600/guarda+de+traansito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="450" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiT2fem4NsjM0-rRI6aCqj2aU7tOmacwU1K0Fop71G5p22qROTcSV497MsZAiegBhxjCYyByOqw6fXtu3doQt2dInWY8SNhGFSD4mtzHT-El7jzCo5hhwiqThkBL4qcGb9L7Bg/s320/guarda+de+traansito.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: 130%;">Em 1966 fomos morar na Avenida Prótasio Alves, 5567, no edifício Pioneiro. Confesso que foi um choque já que morávamos no centro (Alto da Bronze) e fomos para um bairro que na época era quase todo mato, dos dois lados, descendo a Prótasio passando para o outro lado da avenida Carlos Gomes, e lá não existia nada. Petrópolis era até o fim da linha do Bonde, que ficava em frente do cine Atlas, então, não sabia muito bem o bairro que morávamos: se era Petrópolis, Vila Jardim, Bom Jesus, Chácara das Pedras ou Paineira. Este último era o nome que eu mais gostava. Em frente deste edifício, os moradores mais jovens se reuniam principalmente nos fim de semana escutar a Rádio Continental, para curtir Elvis, Little Richard, Chuck Berry, Beatles, </span><span style="color: rgb(0 , 0 , 0); font-size: 130%;">Rolling Stone</span><span style="font-size: 130%;">, Roberto Carlos, Wanderléia, Jerry Adriani, Os Mutantes e o Renato & Seus Blue Caps, era o nosso primeiros contato com o Rock 'n Roll. Este era o ano da grande transformação planetária, a partir desta década nunca mais o mundo foi o mesmo. Ficávamos ali mostrando nossas roupas “da hora”, botinhas Calhambeque, pulseiras e anéis com os brucutus dos Fuscas, calças boca-de-sino de duas cores e camisas com as golas altíssimas que minha mãe costurava para gurizada. Colocávamos o toca-discos portátil em formato de maletinha com um grande auto-falante na tampa ou o potente rádio portátil do Dinarte Jackes, um dos “magrinhos” do grupo. Aliás, o nome da turma era a Turma dos Magrinhos. Já éramos olhados como:<br />- Estes cabeludos... todos maconheiros...<br /><br />Um dia, encontrei perdido o apito do guarda noturno do Pioneiro. O guarda era o seu Albino, um velho e magro gauchão, ex-policial de trânsito que vivia com sua capa azul marinho de lã, cobrindo até os pés, um bigodão amarelado pelos palheiros fumados e um relho de nervo de pênis de cavalo na mão. Eu comecei a brincar com o apito como se fosse um guarda de trânsito, e, nesta mesma hora, passou um Jipe preto-e-branco (quero-quero) da Policia Civil e eu apitei para eles. Eles pararam e foi uma gargalhada geral, todo mundo riu, até quem não estava no grupo. A polícia nesta época era temida, caía sobre o Brasil neste ano nuvens escuras terríveis da Ditadura Militar. Continuamos brincando todos ali e quando menos esperávamos, eles surgiram: um veio a pé por trás e o outro chegou de Jipe com os faróis altos em nossa direção. Automaticamente joguei o apito no chão, eles chegaram com os revolveres na mão gritando e dando pontapés:<br />- Todo mundo com as mãos na parede, mãos na parede!!!<br />Enquanto um dava uma geral em todos encostados com as mãos na parede, o outro perguntava quem era o guarda de trânsito. Ninguém dizia nada. Éramos uns oito, com idades que variavam entre 13 e 16 anos. Eles falaram:<br />- Já que ninguém quer dizer quem estava apitando vai todo mundo preso!<br />Abriram a porta do camburão atrás e fomos entrando todos. Aí, os menores começaram chorar dizendo para os policiais: "Foi este aqui seu guarda, foi este aqui..." apontando pra mim. Eles ficaram putos e responderam:<br />- Já que não falaram quando perguntei agora vão todos em cana!<br />Foi a maior choradeira dos pequenos. Fomos levados presos para a famosa 8º delegacia, tida como torturadora. Sabia-se que o torturador era praticante de luta livre, o Jangada, um cara que pesava mais de 120 kg. Ele perguntou para os guardas que nós prenderam quem era o guarda de trânsito, sentado atrás de uma escrivaninha. Me empurraram para frente daquele monstro com uma cara de mau que me falou segurando uma palmatória:<br />- Bota este apito na boca e fica apitando até que eu bata nesta mesa para tu parar, se tu parar antes eu não vou bater na mesa, eu vou bater em ti!!! Vai, começa!!!<br /><br />Magrinho... fui salvo por minha irmã, a Clara, que entrava na delegacia junto com um monte de mães e pais apavorados para nós tirarem de lá. Os guris menores choravam abraçados em seus pais... Depois de tudo explicado eles iam embora um de cada vez, a bomba sobrou pra mim que tomei o maior esculacho do Jangada, e fui o último a sair da delegacia.</span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1155960756253728992006-08-20T01:07:00.010-03:002023-08-13T17:02:21.942-03:00Revolução Cubana: por Jorge Fischer Nunes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIMLPQQjN1oyLZHqOd0sRkKzu2xZoPbRX_sSjZ1l5Tp9QsgUQxfOJHhn7bZsQhz4IoI8kJYyrb0rR1P9SGA8i0V-gLz9T5BPWZ5nJ0u9bqqUiNv3EVMdNFjWqIoH_-6RTzgBI7/s1600/Fischer.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="719" data-original-width="720" height="319" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIMLPQQjN1oyLZHqOd0sRkKzu2xZoPbRX_sSjZ1l5Tp9QsgUQxfOJHhn7bZsQhz4IoI8kJYyrb0rR1P9SGA8i0V-gLz9T5BPWZ5nJ0u9bqqUiNv3EVMdNFjWqIoH_-6RTzgBI7/s320/Fischer.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
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</div>
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<span style="font-family: "times new roman"; font-size: large;">Jorge Fischer tinha quase dois metros de altura e era forte e calmo como um touro - por isso era da Policia de Choque, que ficava ali na Rua Riachuelo com a General Portinho, até se tornar subversivo, preso e torturado.<br />Nas aulas de tortura que os americanos sinistros vieram ministrar para o pessoal do DOI-CODI, numa espécie de “mestrado” da Policia do Exercito Brasileiro, uma das principais aulas era a aula-prática de choque.<br />Com medo de matar alguém acidentalmente, mandaram chamar o Fischer na prisão da Ilha das Pedras, já que ele era grande e forte, e, por isso, mais “resistente”. Ele me disse que os policiais deixaram-no nu, amarrado, deitado sobre uma mesa com braços e pernas abertos, num auditório de aula com todos os alunos torturadores sentados e concentrados, anotando cada detalhe que eles achavam mais importante. Então começou a demonstração: primeiro choque nas orelhas, depois nos mamilos e por ultimo nos testículos. Isto e muito mais ele contou em seu livro, “O Riso dos Torturados”.<br />Fischão, como também era conhecido pelos amigos, ria de tudo e gostava de contar causos de políticos safados, militares cagões, burgueses nojentos e revolucionários desbundados, como este, que ele me contou numa de uma de nossas “viagens”, o causo da Revolução Cubana.<br /><br />Na libertação de Cuba do grande Império, os revolucionários não tinham muita experiência na lida de uma nação, já que a burguesia que detinha a mão-de-obra especializada (Industriais, comerciantes, médicos, jornalistas, cientistas, agrônomos etc.) fugiram como puderam do paredão para Miami.<br />No interior da ilha de Fidel, os revolucionários entraram numa fazenda de pesquisa de matrizes de animais valiosíssimos que acabaram de expropriarem.<br />Como tinham que assumir o controle da mesma e seguirem em frente, o capitão perguntou se alguém ali tinha conhecimento de fazenda de criação de gado. Quem mais conhecia era um sapateiro, que trabalhava com pedaços de couro, e, por isso, assumiu a administração da fazenda. Logo que assumiu, encontrou uma matriz de boi (valia bem mais do que 80 mil dólares), mastigando calmamente um pouco de palha especial, deitado sobre uma serragem de um pinheiro de cheiro perfumado, num establo com ar-condicionado, ambiente com luminação apropriada, água fresquinha e tratada, shampoo, óleos para massagem que tem um efeito estético. O boi fica com uma aparência melhor porque a massagem reduz as gorduras localizadas. Enfim, é cuidado com o maior mimo por equipe de várias pessoas. </span></div>
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<span style="font-family: "times new roman"; font-size: large;">Quando o sapateiro viu isto ficou louco da vida, deu um pontapé no boi dizendo: “Boi filha da puta! Burguês de merda! O povo passando fome, e tu aqui no bem-bom!!!”</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman"; font-size: large;"></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman"; font-size: large;">Pegou uma faca e carneou o boi, fazendo o maior e melhor churrasco da revolução Cubana.</span></div>
<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 130%;"></span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1153916999427179942006-07-30T09:23:00.036-03:002023-12-06T00:43:17.105-03:00Negro Argentino.<div align="justify"><br /></div><div align="justify"><span style="text-align: left;"><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/livro.jpg" style="text-align: left;"><img alt="" border="0" src="https://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/400/livro.jpg" style="float: left; margin: 0px 0px 10px 10px;" /></a></span><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/livro.jpg" style="text-align: left;"><span style="color: black; font-size: medium;"><br /><br /><br /></span></a><div style="text-align: left;"><div class="mail-message-content collapsible zoom-normal mail-show-images" style="margin: 16px 0px; overflow-wrap: break-word; user-select: auto; width: 328px;"><div class="clear"><div class="elided-text"><span face="arial, sans-serif" style="border-collapse: collapse;"><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><br /></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><br /></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><span style="font-family: times;"><span style="font-size: 20px;"><br /></span></span></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><br /></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><br /></div><div align="justify" style="font-size: 15px;"><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Estive em São Borja no inicio de 1985 e depois em 1987. Na primeira vez, levei dois exilados do grupo Argentino Los Montoneros (um editor e um médico patologista) para atravessarem a fronteira por ali. A cidade de São Borja está localizada na região da campanha do Rio Grande do Sul. Esse município é distinto devido à existência de grandes estâncias onde há a presença do gaúcho típico. Nas rodas de chimarrão, nota-se uma demonstração da famosa hospitalidade gaúcha, onde quase sempre, são contados os “causos” de guerra e de valentia. Fora deste ambiente de galpão, são silenciosos e desconfiados, como é a característica de todo homem fronteiriço.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Dois dos maiores pecuaristas e latifundiários do município são da família Goulart e Vargas, coincidentemente os dois foram presidentes do Brasil. Para percorrer os limites dentro de suas terras, a cavalo ou de carro, levam-se dias. Só sobrevoando por vários minutos sobre suas fazendas que atravessam até três municípios: Uruguaiana, São Borja e São Luis Gonzaga até o Rio Ijui. Do outro lado rio já é de outros latifundiários capitalistas, donos dos cartórios, juizes e como sempre, de deputados e senadores. O Pampa é realmente maravilhoso. É mais ou menos como quando se olha o horizonte no mar, a diferença é que lá é só campo até perder de vista, onde a qualidade das carnes de gado é muito famosa em quase todo mundo: O gado não faz esforço nenhum para subir ou descer, é tudo plano, portanto, suas carnes são macias e sem músculos.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Na fronteira com Argentina, nesta região, não há negros ou até tem uns poucos, mas na Argentina, não existem mais nenhum - eles foram impiedosamente exterminados, os que moram hoje lá, não nasceram no país. Quando começavam as guerras por disputas de terras entre os latifundiários brasileiros e argentinos, eles armavam um circo como se fosse uma guerra de soberania entre os dois países. Formava contingentes de guerra entre a peãozada das fronteiras, louca por uma peleja, esportezinho de guerra para descarregar as baterias, e sempre existia a possibilidade do estupro das gurias puro-sangue argentinas, com a pele clara, cabelos loiros, ancas de potrancas, peitos firmes e mamilos rosados que cruzassem seus caminhos. Isto é o que mais os motivavam, já que eles estavam cansados de só “barranquearem” as éguas e ovelhas, tesãozinhas da fazenda. E, como sempre, os negros que iam à frente das batalhas pelos dois lados, com ordem de não voltarem sem ganharem à guerra. Os feridos ou estropiados que voltavam não tinha perdão, eram passados na “adaga”, não tinham tempo a perder com estes “negros trastes à toa”. Só quando chegava o Exercito Brasileiro, fortemente armado e treinado, é que a gurizada paisana entrava em campo, animada e motivada com a possibilidade sexual.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Outra característica, coisa que me chamou a atenção, foi a profissão de “Patiero”. Era normal até a década 60, eles terem do lado de fora da casa, no pátio, homens fazendo segurança, cuidando das casas como cachorros. Depois dessa década é que eles foram trocados, jogados literalmente para o outro lado da cerca e não puderam voltar nem para cobrarem seus direitos trabalhistas (eles nem sabiam que tinham. E quem sabia, ficava quietinho). E nem se quisessem voltar poderiam, afinal, os guaipecas e pastores alemães por quem foram trocados, não os deixavam se aproximarem. Quando pediam umas sesmarias de terra, um lotezinho para plantarem meia dúzia de aipim, umas folhas de alfaces, milho e feijão, em troca dos anos de guerras e trabalho... eram literalmente corrido da região, com fama de comunistas safados, marcados no lombo.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Buena tchê, contei tudo isto, para chegar ao "causo" principal:</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Eu ficava hospedado no Hotel Charrua, que nesta época era do Grupo Ipiranga, fica em frente da praça central. Um dia, antes de vir embora, quis comprar umas lembranças da cidade e fui mais uma vez até a banca de revistas que fica em frente do hotel, no meio da praça, onde eles vendiam entre outras coisas bombas de chimarrão, cuias, facas imitando prata, chaveiros e postais. Fiquei olhando os postais das atrações turísticas, as sepulturas do Getulio Vargas e do Jango Goulart, o cemitério Paraguaio e uma outra, do tumulo da Maria do Carmo, adorada como santa. Eram feios demais como lembrança. Perguntei para o dono da banca se ele tinha alguma sugestão. Ele me falou que tinha os livros 2 e 3 da série “Rapas de Tacho” do escritor são-borjense Apparicio Silva Rillo. Eu disse a ele que conhecia o Apparicio e perguntei se ele estava na cidade, mas ele não sabia. Comecei a folhear o numero 3 e vi que tinha uma dedicatória do autor, que diz: “Causos de São Borja e do Rio Grande, com abraço do autor, Rillo” e a data de 15.11.85 (data da primeira eleição direta, num município considerado área de segurança nacional). Perguntei a ele quanto custava os livros (imaginando que este fosse custar uma fortuna) e ele me disse: - Este aí, que ele estragou escrevendo nele é 15, o outro que está novo é 25 "pila".</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Comprei os dois.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Depois, descobri que o Rillo mantinha um escritório junto de uma empresa de contabilidade, no centro de São Borja. Contei a ele o acontecido e demos boas risadas para mais um causo, onde agora, o autor fazia parte.</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;"><br /></div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Autor:</div><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: large; text-align: start;">Eloy Figueiredo</div></div></span></div></div></div></div><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/livro.jpg"></a></div>
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<b><u><span style="font-size: 130%;"></span></u></b></div>
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<b><u><span style="font-size: 130%;"></span></u></b></div>
<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1152653316597891722006-07-16T17:58:00.004-03:002023-08-13T16:58:31.287-03:00Guri do bonde.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjINL9k-7maUDg0FqYi7Yx6_lp1AihweQi-Mk7Tn8T3e_2yUBlVzHuzWTVdyaC1ohpmg64Szs63Z-0OJVD9nvgPpdM7NH3SX6B5JreX-GjNXNYGUZBr8cWHsEVc37ygps31OukJ/s1600/guri+do+b0onde.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="513" data-original-width="800" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjINL9k-7maUDg0FqYi7Yx6_lp1AihweQi-Mk7Tn8T3e_2yUBlVzHuzWTVdyaC1ohpmg64Szs63Z-0OJVD9nvgPpdM7NH3SX6B5JreX-GjNXNYGUZBr8cWHsEVc37ygps31OukJ/s320/guri+do+b0onde.jpg" width="320" /></a></div>
<em><em></em></em><br />
<br /><span style="font-size: large;">
Uma das brincadeiras urbanas no ano de 1963, era pegar carona nos bondes. Enquanto o motorneiro e o cobrador ficavam na frente conversando, nós subíamos na porta de trás. Nossa prática era tão boa que saltávamos do bonde Duque em qualquer velocidade. Mas com o bonde Gasômetro não era bem assim, como pude constatar na reta da Rua Washington Luis até a ACM.<br />
Eu só conhecia dois dos que já tinham conseguido tamanha façanha: o Alfeu e o Maninho, e por isto eram respeitados e admirados por todos os guris da Praça Alto da Bronze. Eles também se sentiam superiores por isto. Só superior a eles era o “Guri do Bonde”, que roubou um bonde da linha Petrópolis, numa tarde de domingo de ferias de verão.<br />
<br />
Antes de entrar na matine do cine Ritz, o Guri observou que o motorneiro e o cobrador foram tomar uma cerveja no bar na frente do fim da linha, que ficava exatamente na frente do cinema, esperando a hora de voltar para o centro. Subiram alguns passageiros: casais com crianças pequenas que iam esperar sentados, no interior do bonde, para passear na Redenção ou no centro.<br />
Quando ele viu aquilo, o bonde abandonado e chamando por ele, não resistiu. Subiu e moveu a alavanca como havia aprendido olhando o motorneiro dirigir. Quanto mais ele movia a alavanca para frente, o bonde corria mais descendo a Avenida Protásio Alves à toda velocidade, com funcionários da CARRIS correndo, gritando e fazendo gestos desesperados com seus blazers na mão como se fossem bandeiras desfraldadas. Só conseguiram pará-lo na Osvaldo Aranha, no Bom Fim, depois que o cobrador e motorneiro se apropriaram de um automóvel que parou para saber do ocorrido. - Em nome da lei, siga aquele bonde! – disseram eles. Ele foi preso e tornou-se noticia dos jornais, no qual lia-se na manchete “Guri rouba bonde”.<br />
<br />
Era outono e já tinha anoitecido. A lua cheia deixava o rio Guaíba cor de prata. A usina estava a todo vapor soltando sua fumaça da cor de nuvens carregadas. As luzes de sua chaminé já estavam acesas como uma gravata colorida, e, ao lado, via-se o velho Cadeião do Gasômetro, destruído como um cenário de guerra. Encostei o ouvido no poste de ferro gelado e fiquei escutando o bonde, que já vinha na altura do quartel da Policia do Exercito, na Rua da Praia. Meu coração começou bater mais forte. Eu não tinha planejado nada – simplesmente tinha me dado na veneta. Desci da Rua Vasco Alves pela Duque de Caxias, apressado e determinado de que tinha que ser nesta noite. A lua também fazia brilhar os velhos paralelepípedos polidos pelo tempo como um espelho irregular e o par de trilhos tais quais duas serpentes de aço multicoloridas pelas luzes. Vi quando ele vinha dobrando da Rua da Praia entrando na Washington Luis. Era um “bonde gaiola”. Estremeci, mas estava determinado. Como sempre, o motorneiro e o cobrador vinham conversando na frente, em pé, com seus uniformes cor de caqui, gravatas pretas e de casquete na cabeça, tipo militar.<br />
<br />
Nesse dia, o cobrador e o motorneiro fingiram que não tinham me visto subir na parte de trás do bonde gaiola, que alem de menor e mais rápido, sacudia de todo o jeito, tanto para cima e para baixo como para os lados. Estava curtindo a brincadeira, agarrado com uma mão no estribo e um pé no inicio do degrau, esticado com todo corpo para fora em forma de “X”, saboreando vento contra. Foi quando, nesta reta, eles imprimiram toda velocidade que o bonde suportava. Acho que era de 60 km. Eu ainda não tinha pulado com tal velocidade. De repente, o cobrador do bonde veio caminhando pelo corredor iluminado com aquela cara de cavalo feliz, suando todo dentro daquela roupa quente de linho, sorrindo e mostrando um baita de um dentão de ouro.<br />
- Te peguei piá.<br />
<br />
Eu pulei. Durante o pulo eu viajei, me senti voando: a adrenalina foi lá em cima com todo aquele vento frio contra meu corpo. Pensei por um momento que poderia planar como uma pandorga. Lembrei-me de minha mãe dizendo: “Eloy, sai deste vento, sai senão ele vai te carregar, guri...” Eu acreditava. Mas a viagem foi secamente cortada quando a parte de trás do bonde bateu em mim e me fez desequilibrar. Bati contra os paralelepípedos irregulares daquela rua. Rolei até bater no cordão da calçada, de lado. O bonde parou e dele saíram correndo em minha direção o cobrador, o motorneiro e alguns passageiros, pensando que eu tivesse morrido no salto. Mas me recuperando da queda e vendo que eles vinham em minha direção, sai correndo mancando em direção à General Alto, sangrando pelo nariz com um galo na cabeça e todo dolorido da queda, mas não quebrei osso nenhum. E ainda perdi um pé de meu Conga.<br />
<br />
Depois disso, todas as vezes que eu tinha que pegar o bonde com minha mãe, eu fingia não conhecer o cobrador e ele fingia não me conhecer, mas via que ele ficava me olhando com a boca meio aberta mostrando seu dente de ouro, não acreditando que eu havia sobrevivido àquela queda.<br />
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.</span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1151630628238147592006-07-02T19:17:00.009-03:002023-08-13T17:05:41.935-03:00Alto da Bronze<em>Foto ef 1962</em>.<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/navio%20sant%20ana.7.jpg"><img alt="" border="0" src="https://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/320/navio%20sant%20ana.0.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><br /><span style="font-size: large;">
Na década de 60, minha família e eu morávamos na Rua Vasco Alves, no Alto da Bronze em Porto Alegre. Da varanda, enxergávamos quase todo o rio Guaíba, a ilha da Pintada, a temida prisão da ilha da Pólvora, a Cidade de Guaíba do outro lado do rio, a praia da Alegria e, finalmente, o início da construção da Borregard, hoje Riocel. Nesta época já tinham iniciado a remoção dos presos do “cadeião” da volta do Gasômetro. Fui até lá ver a transferência dos presos e fiquei surpreso com a quantidade de cachorros que eles carregavam pelo pescoço, embarcando em ônibus. Lembro-me que alguém perguntou o por quê daquele monte de cachorros, e um Brigadiano respondeu: são as esposas deles. Foi aí que pude perceber que a maioria eram cadelas.<br />
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O meu pai, que era da Marinha Mercante e integrante do Sindicato dos Marinheiros, estava embarcado em um pequeno navio petroleiro chamado “Sant’Ana”. Quando ele saía de viagem, eu, minha mãe e meus irmãos ficávamos com toalhas brancas despedindo-nos dele da varanda do terceiro andar, enquanto ele ficava no meio do navio entre o convés e a popa, com uma enorme bandeira do Brasil acenando pra gente.<br />
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Naquele tempo ainda se podia nadar no rio, embora as melhores praias que nós freqüentassemos era a praia Ipanema, Assunção e Pedra Redonda. Mas a gurizada gostava de matar a aula e ir até a pedra da Coroa, que ficava entre a Usina e um depósito da CEEE para alí nadar, e como todos nós nos conhecíamos, não era perigoso. Mas os mais velhos gostavam de ir até os fundos da Usina e mergulhar de cima das “chatas” que descarregam carvão para abastecer a mesma. E um dia eu fui junto e "viagei" (primeira over), quase não volto mais. A brincadeira era subir nas chatas sem sermos vistos pelos marinheiros, e saltar no rio, agarrando-se na margem. Acontece que quando vi a altura da chata que deveria pular eu gelei: era alto demais... Minhas pernas não obedeciam, meu coração disparou, fiquei completamente em pânico com a altura que eu deveria saltar... Além do que, era longe demais do cais e eu poderia ser pego pelos guardas ou os marinheiros do rebocador. Foi aí que, num impulso, eu saltei e senti pelo corpo todo um formigamento como se de cada poro saísse uma faísca elétrica com a barrigada que dei quando cai na água. Nadando eu tentei me aproximar do cais mas não consegui, e como tinha saltado por último, a gurizada já estava correndo para a "Pedra da Coroa" e já não olhava mais para trás. Eu subi umas três vezes pedindo socorro: subia, tentava respirar e ao mesmo tempo tentava gritar. Mas eles já iam longe e não conseguiam mais me ouvir. Vi minha curta vida passar diante de meus olhos como num filme. Já estava no fundo do rio com as pernas enterradas até os joelhos na lama do fundo. Era uma paz morrer daquele jeito, acho que depois não senti nenhum desespero. Sentia meu corpo flutuando, leve, sendo elevado por um foco luz que atravessava a cor barrenta do rio, e me vendo no fundo dele num desprendimento sereno de quase gozo. Já estava me entregando quando uma mão me agarrou pela cintura me tirando da água, era como a mão de minha mãe quando me abraçava para me consolar de alguma dor ou febre... Foi uma mão incrivelmente segura e firme - aí sim me bateu um desespero. Quando consegui respirar e ver a luz do Sol, a brisa maravilhosa tocando meu corpo quase morto, a gurizada assustada em minha volta olhando atentamente o adulto que acabava de salvar a minha vida. Eu tremia todo, chorando e prometendo voltar para pagar a carteira de cigarros "Continental", agora imprestável, que estava na cintura do marinheiro do rebocador, preso pelo elástico de seu calção.<br />
Só que nunca mais voltei ali nem para nadar e nem paguei a carteira de cigarros que aos prantos tinha prometido pagar. Fiquei uma semana colocando toda água do Rio Guaíba pra fora, com a maior diarréia. O Guaíba já estava poluído!<br />
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_</span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1151207390380350482006-06-25T00:47:00.003-03:002023-08-13T17:04:35.969-03:00Raul Seixas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYeKL3zL68-21K3CWuQue7H6WdnC5sFx0-VvzZYJRKKhGhbPO-fRsHX5ZPy2Y1zZLQoEfcN5lMYFXR0c27mU6_d2kS06hNzICWJrYdfegQd976xK5DuWS-SQcG1y_c-c3BFEet/s1600/raul.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="497" data-original-width="580" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYeKL3zL68-21K3CWuQue7H6WdnC5sFx0-VvzZYJRKKhGhbPO-fRsHX5ZPy2Y1zZLQoEfcN5lMYFXR0c27mU6_d2kS06hNzICWJrYdfegQd976xK5DuWS-SQcG1y_c-c3BFEet/s320/raul.jpg" width="320" /></a></div>
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Era o "boom" da soja em Santa Rosa RS. Os plantadores iam até a revenda Fiat, que estava começando no Brasil e pagavam em dinheiro vivo, compravam até 3 carros Fiat por vez, tirando dinheiro de sacos de aniagem que traziam nas costas. Agricultores que mais pareciam catadores de papeis, sujos e barbudos, mas cheios da grana. Algumas pessoas juntavam no meio da rua o que caiam dos caminhões que transportavam soja, enchiam sacos de 60kg, só com que cai no asfalto. Todo mundo ganhou dinheiro lá aquele ano. Fui pra lá comercializar uma revista de turismo da cidade, enviado pela Editora Intermédio, do Políbio Braga e da Ana Amélia Lemos, que tudo sabia das oportunidades de negocio de cada município, e aquele era o momento de fazer a de SANTA ROSA. Nesta edição, eu ganhei uma bela grana só com comissões. Na volta, lembro, comprei um Fusca 76 à vista.<br />
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Como a distância de Santa Rosa para Porto Alegre é de mais de 500km, as estradas para lá eram terríveis. Fiquei dois finais de semana trabalhando sem vir para casa. Nunca em viagens gostei de me enturmar com viajantes em hotéis, eles só falam de jogos de cartas, zona e encher a cara no bar do hotel. Eu sempre procurava os lugares que as pessoas da cidade freqüentavam, e nesse dia eu sabia que tinha um show na cidade. Era noite de sábado. Depois de jantar e ficar tomando alguns chopes, por volta da meia noite estava regressando para hotel, morto de cansaço. Estava subindo as escadas de madeira, quando vem em minha direção um maluco de coturno, magrão, barbudo, óculos escuros, todo de preto e cheio de correntes. Parecia ter quase dois metros de altura, fazendo o maior barulhão nos degraus, completamente louco, descendo e pulando de dois em dois degraus com um litro de uísque na mão.<br />
Soube que era o Raul Seixas, que tinha acabado de fazer um show lá.<br />
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Desci, e do outro lado da rua na frente do hotel, estava ele e sua banda, falando super alto. Ele estava de pé com um dos pés no banco, fumando de costa para o hotel. A maior maresia em toda a praça.<br />
Aproximei-me e perguntei se podia dar um pega. “Tudo bem” respondeu, e passou o baseado pra mim, logo depois o litro de uísque que bebiam no bico.<br />
O Raul ficou “viajando” (eu também) no céu baixo e super estrelado lá de Santa Rosa, que naquele momento tinha se tornado o céu mais lindo que eu já presenciei. Falava das estrelas tão brilhantes e o céu baixo maravilhosamente azul marinho, salpicado de astros. Imitava Elvis dançando e fazia sons guturais ritmados e sem sentido. Aquele era o cenário mais perfeito para um show, parecia que estávamos em baixo de uma lona de veludo azul-marinho de circo, assistindo e fazendo parte de tudo.<br />
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O Raul era realmente um predestinado. Ninguém falava, só escutavam e fixavam sua imagem. Ele não parava de falar e era música e poesia tudo que dizia.<br />
Tive este privilegio, que poucos tiveram de ter convivido com este anjo de negro chamado Raul Seixas.<br />
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.</span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1149866382872099582006-06-11T12:15:00.005-03:002023-08-13T17:06:47.113-03:00Jesus me disse...>> 2º parte.<strong><em>Parte II</em></strong><br />
<strong><em></em></strong><br />
<strong><em>A Vingança</em></strong><br />
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<span style="font-size: medium;"><br />
<strong><em></em></strong>Jesus não desce do morro para trabalhar no Mercado Público já há alguns dias. A sua mulher começa a notar mudanças de comportamento. Jesus chegava todos os dias em casa completamente bêbado, agressivo, e não dormia mais com ela. Quando ela demonstrava preocupação e questionava-o, ele sempre respondia fria e secamente:<br />
-Não enche, mulher... -Olha Jesus, acho que tu tá doente... Tá sempre com essa cara de cachorro, não come, não dorme, não quer ir trabalhar mesmo sabendo que não tem mais nada dentro de casa pra comer... Tu vai é acabar morrendo, isto sim. -Não enche meu saco, mulher... Dizia isto e saia de casa, subindo o morro até próximo a uma capelinha com uma imagem de São Jorge matando o Dragão, onde tinha uma nascente de água abundante. Sentava ali meio escondido e ficava de “butuca” espreitando o barraco do Marreta, que era logo acima, matutando o que fazer para acabar com o que vinha sentindo. Era um sentimento de vazio por dentro uma agonia que não tinha fim. Ficava "viajando" com o Marreta, descendo o morro com seus comparsas, armados até os dentes com AR15 e pistolas. Jesus então pulava na frente deles também com uma AR15, metralhava primeiro os comparsas, depois dava dois tiros, um em cada joelho de Marreta fazendo ele se ajoelhar, enquanto o Saddam nada fazia para salvar seu dono. Depois Jesus aproximava-se do Marreta que estava de joelhos chorando e implorando que não fosse morto repetia : “eu não quero morrer, pelo amor de Deus livra a minha cara...” Jesus então sentia-se poderoso, chegava perto do Marreta, e falava com cara de mau: “então chupa o pau do Saddam até ele gozar, seu filho da puta!!!”. Saía do devaneio com um pequeno sorriso.<br />
<br />
No dia seguinte, um sábado depois do meio-dia, Jesus vê o Marreta descendo o morro, dando ordens para todos os lados. No morro, aos sábados é rotineiro o sobe e desce de soldados do tráfico. Marreta vai para o boteco do Português onde fica mais perto da administração do seu negócio de drogas. Fica ali até á noite. Saddam fica guardando o barraco, e isto significa que ele esta carregado. Foi então que o sangue de Jesus encheu-se de coragem e maldade. Ele queria se vingar, teria que ser e muito bem feito, não importando as conseqüências. Ele pega um saco vazio de farinha branco de 60kg, um facão de abrir picada no mato, sua faca de peixeiro, uma metade de cabo de marreta e a última cabeça frita de tainha que tinham em casa. Coloca tudo dentro do saco e sobe em direção ao barraco do Marreta, ficando escondido por perto até entardecer. Depois, se esgueirando por trás do barraco, chama o Saddam - que a ouvir a voz de Jesus, vem chegando grunhido e totalmente excitado. Jesus mostra a cabeça de peixe frito e quando Saddam se abaixa para comer, recebe uma paulada na cabeça, mais outra, mais outra, e bate até ter certeza que Saddam está quase morto. Logo em seguida arrasta Saddam na direção da vertente e com sua faca de peixeiro abre a garganta do bicho. Com técnica, tira o couro e esquarteja Saddam. Com o facão grande, corta a cabeça, patas e tripas, e joga tudo pelo lado de trás do morro onde tinha um precipício. Depois, coloca toda a carne dentro do saco e desce o morro. Anoitecia quando ele chega no boteco do Protuguês, que estava bastante movimentado, com todo mundo puxando o saco do Marreta. Jesus entra no boteco carregando o saco, e todos olham pra ele. Mas ele se dirige indiretamente à Marreta, dizendo alto:<br />
- Eu boto a carne de ovelha que ganhei no mercado, quem bota a cachaça e a cerveja? Marreta diz, entusiasmado:<br />
-Eu boto, gente boa!<br />
-Viu Marreta? Não te falei que ele era gente fina? Diz o Português, com um sorriso satisfeito. Uma janela do morro abre e uma mulher diz:<br />
-Eu tenho umas batatas e ovos, posso fazer uma maionese!<br />
-Tá dentro, responde Marreta. “Eu tenho carvão!”, “Eu pago umas cervas!”. Tá dentro, tá dentro! Imediatamente o boteco toma um ar de festa. Já aparece um cavaquinho, um pandeiro, um surdo, umas meninas do morro com saias curtinhas e sandálias altíssimas começando a sambar. Jesus é quem vai assar o churrasco, e ganha o primeiro copo de cachaça e começa espetando as parte de Saddam nos espetos, enquanto o fogo já estava quase pronto. Lá pelas 21h, quando o churrasco já está quase pronto, aparece seu filho dando uma bronca no pai. Seu chão parece sumir. – Pô pai, a gente lá em casa sem nada para comer e o senhor dando churrasco aqui no morro, vou levar um pedaço para casa. Marreta fala – não vai levar porra nenhuma, se sobrar tu leva, só se sobrar, e cai na risada... Jesus diz para o filho ir para casa, que ali não era lugar para ele ficar. O guri argumenta que esta com fome, sai para o lado do boteco senta numa pedra de onde enxerga a cidade lá embaixo. Fica em silêncio diante de toda áquela algazarra olhando as janelas dos edifícios com suas luzes acesas onde parece que todos estão felizes. Olha a avenida toda iluminada e cheia de carros, não entende nada, mas continua assim, olhando com olhos secos e vazios. Permanece assim por um bom tempo, quando ouve a voz de seu pai já embalado pela birita falando que o primeiro pedaço do filé era do Marreta, liberando geral para os convidados começarem a cortar seus pedaços e comerem com as mão. Seu filho se aproxima e pede um pedaço da carne. Jesus implora para que ele vá para casa. Um descuido e o garoto pega um pernil e joga para dentro do bolso da frente do moletom que queima sua barriga, e sai em direção de casa caminhando rapidamente. Jesus ainda tenta traze-lo de volta, mas o Marreta diz para deixar: - Assim sobra mais pra mim! E que aquela era a melhor carne que ele já tinha comido. Uma Delícia!!! Depois de terminado o churrasco, Jesus vai embora. Chega em casa e vê três pratos com marcas de feijão, arroz e as sobras dos ossos bem ruídos do Saddam sobre a mesa. Jesus deita em sua cama, se encolhe numa posição fetal e chora copiosamente.</span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1149366449829192552006-06-04T17:10:00.004-03:002023-08-13T17:08:01.050-03:00Jesus me disse...><strong><em>Parte I<br /><br /><span style="font-size: large;">Martírio</span></em></strong><span style="font-size: large;"><br />
Jesus trabalhava no Mercado Público, ajudando descarregar os caminhões de peixes que começavam chegar depois das 04h30 da manhã. Ele tinha no máximo 1,60m de altura, não pesava mais de 60 kg, tinha a pele morena, usava óculos de professor com cordinha no pescoço, era quieto e tranqüilo, cabelos encaracolados curtos, mas com costeletas até a metade do rosto, e usava um bigode bem fininho. Os caminhoneiros que descarregavam peixes, quando tentavam pegar no seu pé, ele só respondia timidamente “tais tolo, tais...” e seguia empurrando o carrinho cheio de peixes, camarões, siris, lulas e mariscos conservados no gelo para os boxes. Este trabalho se estendia até as 08h00, quando ele parava para o sagrado cafezinho. Chegava ao bar do mercado e o garçom já sabia, - O de sempre Jesus? Botava uma mistura de bitter com cachaça até a metade de um copo de refrigerante para não derrubar. Este já era seu segundo. O primeiro ele já havia tomado antes de sair de casa para aliviar a tremedeira. Depois comia um pão com mortadela e queijo, com uma xícara de café preto. Aí, ajudava limpando peixes nos Boxes, trabalho que durava até as 16h00. <br />
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Antes de anoitecer, quando chegava ao morro, ele ainda passava por mais três bares. Anoitecia, chegava em casa lá pelas 19h00, sempre bêbado e feliz, levando com ele um belo filé de peixe ou as melhores iguarias do mar para sua mulher e dois filhos, uma menina com 18 anos e um guri com 16. Depois de começar a subida do morro quando termina a rua, ele tinha que subir uns 500 metros de escadaria. Era na metade da mesma onde ele tomava a “saideira”, no boteco do Português. Boteco fedorento, aonde só tinha cachaça, cerveja, velas, caixa de fósforos, lingüiça e um vidro grande de conserva de ovos, que dizem, o Português só lavava a mão quando pegava um ovo para o freguês, depois saia secando a mão num pano de pratos imundo. Tinha ainda uma mesa de lata da Brahma com três cadeiras, alguns copos e garrafas de cerveja.</span></div>
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Quando Jesus chegou, viu que a barra estava pesada. Lá estava o chefe do morro, o Marreta com seu cachorro Saddam, um rotweiller de quase 50 kg, acompanhados por mais dois “irmão” da pesada, o Zé Boca Murcha e o Santamaría – e, pelo jeito da conversa ao pé de orelha, eles estavam fechando algum negocio. Marreta era mau, um sarará grande e forte, sinistro mesmo, cabeça raspada e um pequeno cavanhaque, ele nunca descia do morro. Ele era a própria chave de cadeia, vivia sempre muito louco, completamente “chapado”, matava por prazer. Jesus quando chegou, mesmo reconhecendo o dono da boca, não conseguia controlar sua tontura alcoólicos e acabou tropeçando numa lajota e caindo sobre a mesa do Marreta, quebrando garrafas de cerveja e o copo de cachaça. Marreta, surpreso, tomou o maior susto e os dois comparsas caíram longe já com as pistolas na mão. Até o cachorrão se assustou com a cena e começo latir para Jesus, que estava caído sobre a mesa com um pequeno sorriso de desculpas no rosto. Marreta chegou perto do Jesus agora gritando com uma pistola na mão. – Qual é, Mané? Que bosta é esta? Vou te apagar... Vou te apagar, caralho de bebum xarope!!! Foi quando o Português, reconhecendo o Jesus Bebum, suplicou: - Oh Marreta, alivia ele, este cara e gente boa, só que às vezes bebe demais. O Marreta retrucou, com um sorriso malicioso e sem misericórdia: – Não tem arrego Pra ele ser aliviado, vai ter que chupar o pau do Saddam. Quando ele falou isto o cachorro ficou excitado, como se aquela palavra já fosse conhecida, uma voz de comando. </span></div>
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– Vamo lá, bebum xarope, chupa o pau do Saddam! Jesus não conseguia falar, estava tudo rodopiando, ele só via a cara daquele cachorrão excitado, grunhindo de pau para fora: grande, fino, vermelho e molhado. Marreta da um chute nas costelas do Jesus que ainda estava caído, e com raiva diz mais uma vez: Chupa o pau do Saddam, caralho!!! O Português falou novamente: – Alivia ele, Marreta, ele paga o prejuízo. Marreta pareceu interessado e perguntou: – Tu tem dinheiro, bebum otário? Jesus mostrou tudo o que tinha, e, rapidamente, Marreta toma todo seu dinheiro. – É, isto aqui dá, e o resto fica como pagamento pelo prejuízo, a sacola também vai ficar comigo. Ele pega o assustado Jesus pelo colarinho, o levanta com a mão esquerda, coloca a outra nos bolsos do Jesus dando uma geral, depois de ver que Jesus não tem mais nada de valor, e enche a cara do Jesus de tapas na cara, com a mão aberta só para humilhar. Depois dá um pontapé na bunda e o manda embora ao som do riso dos outros freqüentadores do bar e do grunhido de choro do Saddam. Jesus vai, chega em casa e não fala nada para ninguém, deita na cama e se encolhe como uma criança, e chora a noite inteira de soluçar.</span></div>
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<span style="font-size: large;"><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/C??o2.jpg"></a></span></div>
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<strong><em><span style="font-size: large;">Domingo que vem: Jesus me disse, Parte II – A Vingança. </span></em></strong></div>
<div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1148176672162926302006-05-28T22:52:00.009-03:002023-08-13T17:09:58.809-03:00Gauchão<span style="font-family: "trebuchet ms"; font-size: 130%;"><em>("Viagem" sem cortes)</em></span><br />
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<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/bola%20de%20futebol.1.jpg"><img alt="" border="0" height="203" src="https://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/320/bola%20de%20futebol.1.jpg" style="float: left; margin: 0px 10px 10px 0px;" width="208" /></a><br />
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<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "trebuchet ms";">A gurizada não gostava muito de jogar na quadra da Praça do Alto da Bronze por dois motivos: primeiro pela limitação do campo, era pequeno demais para se jogar 20 para cada lado; segundo porque sempre tinha os guris mais velhos jogando basquete. Então nosso campo ficava na frente da praça, na parte mais plana da Fernando Machado. O problema era que se alguém chutasse mais forte na bola, descia a rua indo parar duas quadras de distância ou se alguem chutasse torto (tinha que colocar o pé na forma) ela descia a ladeira da General Portinho indo parar do outro lado da Washington Luiz, e só pra buscar a bola já perdia-se muito tempo de jogo.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">O melhor campo da Rua Fernando Machado era o da frente da escadaria que saia na Duque de Caxias entre a ruas Gen. Bento Martins e a Gen. Alto. Lá tinha um prédio baixo todo revestido de pastilhas de várias cores, ele tinha um recuo da rua de uns 4 metros por 20 de comprimento, onde ficavam as traves marcadas com qualquer coisa, como tijolos, paralelepípedos, pastas do colégio, enfim, o que tivesse na mão. Mas o mais interessante da rua, é que esta parte era plana.</span><br />
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<span style="font-family: "trebuchet ms";"><br />O time da praça e o time da escadaria sempre se enfrentavam. Podia ser 8 para cada lado como 15 para cada lado, só não podia jogar com um a mais, aí tinha que esperar para que chegasse outro guri para irem um para cada lado, e como dizia a única regra, tinham que começar no gol. Valia tudo e ainda não existia time com camisa contra os sem camisa, a gente se conhecia, e como naquele tempo pouco se trocava de roupa, era muito mais fácil. Podia se jogar de pés descalços, guides, tênis Conga, sapatos Vulcabrás ou chuteiras com as tachinhas de fora. Quem jogava de chuteira com tachinhas não podia “solar” colocando a bola em risco de furar. </span><br />
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<span style="font-family: "trebuchet ms";">Não existiam laterais e o escanteio era batido ou na Gen. Auto ou na Gen. Bento Martins. Nunca saiu “gol olímpico” já que as goleiras ficavam no meio do campo. </span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">O único cuidado era que a bola não caísse na casa do Coronel que morava do lado direito da escadaria de quem sobe para a Duque, um gaúcho neurótico de guerra. Diziam que ele tinha combatido na Guerra dos Farrapos, vivia de sentinela na frente de sua casa tomando chimarrão sentado num banquinho. Usava bombachas, lenço no pescoço e boina azul. Assim que iniciava o jogo ele sumia e se a bola caísse no pátio dele, ele reaparecia não se sabe de onde, e antes que a bola quicasse duas vezes, ele já estava com ela não mão esquerda. Puxava das costas um facão de 7 listas e ZAZ! Cortava a bola no meio. E, com o sorriso neurótico dos vencedores, jogava a bola cortada ao meio no centro da rua. Só restava o dono da bola vestir como uma touca uma das metades da bola de borracha, enquanto o capitão do time vencedor vestia a outra metade. Ironicamente, havia acabado o jogo.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">Um dia, o Otavio ganhou uma bola de couro n° 5 oficial. Era uma bola “Lusbal”, considerada a melhor entre os guris, confeccionada pelos presidiários do Partenon, super resistente, nem tachinha de chuteira velha conseguia penetrar aquele couro. Otavio tinha uns 15 anos mas com aparência de 25. Ele era totalmente cabeludo e andava sempre só de calção quadriculado tipo dos Argentinos, só que bem apertado no corpo (isto no inverno e verão). Penso que ele só colocava camisa,calças e sapatos para ir à escola ou para o centro com sua mãe. Ele tinha a as sobrancelhas grudadas, barba serrada, cabeludo nas costas e peitos, parecia um homem das cavernas, usava oculos pretos, quadrados de lentes grossas, os dois aros colados com esparadrapos, que ele tirava para jogar ficando completamente cego, chutando a bola e adversários juntos. Ele já chegou com a bola ensebada, tinha passado no açougue e vinha com um pedaço de sebo passando nela. Aquela linda bola de couro era de arrepiar qualquer um, e para quem jogava com qualquer coisa que rolasse, seria dia de clássico.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">Neste dia tinha mais gente do que de costume. Imagine uma bola de couro novinha já ensebada, eram mais 20 para cada lado. Quando o jogo já estava chegando no fim, alguém chutou mais forte e ela foi parar no pátio do “velho de guerra”, que voou na bola como o Manga, goleiro do Inter, sem deixar que a bola batesse no chão. Neste pequeno instante em que agarrou a bola, o Gauchão sentiu-se o goleiro da seleção e ao mesmo tempo “viajou”, voltando ser criança outra vez, fazendo parte daquele jogo, sendo o herói dos goleiros. Aquela cena aconteceu como se fosse slow-motion, eternizando aquele misto de auto-admiração e gostinho de vitória de ver nossa cara arrasada de perdedores. Mas para não “perder-se em si mesmo”, rapidamente puxou seu facão e bateu forte na bola, mas o facão bateu no couro e voltou contra a testa do gaúcho, que agora estava sangrando. Então, num misto de humilhação e ódio, com o sangue descendo pelos olhos, nariz, no seu bigodão e queixo já molhando, bateu com o facão novamente na bola e, novamente, o facão quicou na bola voltando contra sua testa fazendo um V de uns 10 cm. Dizem que ele levou dez pontos em cada talho. O Velho Coronel ficou totalmente louco. Com a mão direita levantava o facão e com a outra, com o punho fechado, virou-se contra os times que já saiam em debandada, todos rindo felizes com a situação do Coronel louco, que a partir deste dia começou a usar uma fita vermelha amarrada na testa para esconder o V da vitória dos dois times. </span><br />
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<span style="font-family: "trebuchet ms";"></span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1148175546979035582006-05-21T22:29:00.003-03:002023-08-13T19:25:54.984-03:00O Flagrante<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/1600/algemas1.1.jpg"><span style="font-family: "trebuchet ms"; font-size: 130%;"><img alt="" border="0" height="135" src="https://photos1.blogger.com/blogger/5386/2979/400/algemas1.0.jpg" style="float: left; margin: 0px 10px 10px 0px;" width="167" /></span></a><span style="font-family: "trebuchet ms"; font-size: 130%;"><br /></span><span style="font-family: times; font-size: large;"><span><span><em><span>Durante uma tempestade que caía sobre a noite de Porto Alegre, acontecia uma perseguição espetacular, com “roleta Russa” no transito, acidente de carro, prisão, agressão com chave de rodas, tiros e o flagrante.</span></em></span></span><br />
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<span><br />O Grêmio disputava a taça Libertadores da América no ano de 1984, e, na hora do jogo, caía há algumas horas sobre Porto Alegre a maior tempestade, e pelo jeito ainda ia longe aquela chuva de pingos grossos. Nesta noite de sexta-feira, todos os bares que tinham TV estavam ligados nesta decisão e estavam cheios, e embora chovesse muito, não estava frio. Eu claro estava assistindo e bebendo todas, cerveja com vodka e secando o Grêmio. O bar, que era do Chico, um japonês, ficava entre o Shopping Iguatemi e o Hospital Nossa Senhora da Conceição, uma paralela da Anita Garibaldi. Antes de acabar o jogo eu já estava completamente bêbado e resolvi ir embora.<br /><br />Neste ano eu tinha uma Brasília branca, 82, quatro portas, com um carburador modelo exportação que comprei do jornal O GLOBO e acreditava que só a Policia Federal tinha uma outra igual. O limpador de pára-brisas não vencia a quantidade de chuva. Passei devagar em frente do hospital Nossa Senhora da Conceição e, percebendo as luzes das janelas acesas, pude verificar que não tinha movimento habitual, todos estavam assistindo ao jogo, até os doentes.<br /><br />De repente, uma Kombi escolar me corta pela direita, já quase na esquina da Assis Brasil. O motorista ameaçou abrir sua porta com cara de raivoso, me assustei e fui acelerando devagar, olhando pelo retrovisor a reação inesperada, imaginando que tivesse dado uma fechada nele ou até mesmo batida na Kombi, mas resolvi não parar. O motorista da Kombi puxou a janela de correr e me ameaçava colocando o braço para fora. Acelerei e entrei na Avenida Assis Brasil com o sinal fechado e o cara entrou junto. Na minha loucura alcoólica, comecei gostar daquela perseguição, me senti como num filme. Na esquina da estrada do Forte, a sinaleira também estava vermelha, fechei os olhos e, como numa roleta russa, atravessei e ele também passou. Passamos ainda outra sinaleira e entrei à direita no Jardim Sabará, e notei agora que também me perseguia um fusca preto e branco da policia com a sirene vermelha ligada. Vi que tinha sujado e comecei procurar algum flagrante dentro do meu carro, não tinha nada, estava limpo.<br /><br />Pensei em ir até o Clube Ipiranguinha onde todo mundo me conhecia, mas quando dobrei a direita e com toda aquela chuva, o carro derrapou e abraçou literalmente uma árvore. Bati o peito e a boca, estava sangrando e louco de dor quando o policial abriu minha porta deu-me uma gravata e engatilhou um revolvão na minha cabeça com a famosa frase: “Tá preso...” Eu respondi: “Me entrego, me entrego...”.<br /><br />Nisto, desce da Kombi um baita alemão de 1,90 m e uns 110 kg com uma chave de roda na mão. Veio com muita raiva, eu fechei os olhos e ele bateu, acertou a cara do policial que começou a sangrar e caiu surpreso no chão, e o alemão continuou batendo com a chave de rodas, batia nos peitos, braços e pernas, nesta confusão eu fui me afastando em direção do Ipiranguinha. De repente ouvi dois tiros e o alemão caído no chão. Nisto aparece umas três viaturas da Brigada Militar travando e queimando pneus, e o policial caído apontando pra mim, e dizendo “lá vai o ladrão, lá vai o ladrão!” e eles começaram a atirar contra mim, ouvia o sibilar das balas passando pela minha cabeça e corpo, quando eu levantei os braços e disse novamente: “Me entrego, me entrego!” Os brigadianos me algemaram e me colocaram pra dentro do camburão. Meia hora depois, podia ver que estávamos no pronto socorro, ficamos algumas horas lá e de vez em quando vinha um policial, levantava a porta do camburão e dizia que eu era dele e ele iria me pendurar.<br /><br />Depois fomos para a central de policia na Avenida Ipiranga e ninguém falava comigo mesmo depois deles terem me identificado. Todo mundo estava dentro da sala do delegado de plantão e eu ali sem entender o que tinha acontecido. Logo saíram uns policiais dizendo “flagrante, vai baixar o presídio”. Eu pensei “to fudido... mas o que será que eu fiz?”. Acharam alguma coisa no carro, nisto sai um cara todo machucado em minha direção, tinha perdido vários dentes, sua boca estava inchada, sem camisa todo enrolado por gazes, nas costelas, e um braço engessado na tipóia, chega pra mim e diz: “este pau era pra ti”. Foi quando me chamaram e me explicaram que eu seria testemunha do acontecido e me explicaram a situação:<br /><br />O cara da Kombi também tinha uma Brasília igual a minha e achava que só ele tinha em Poa. Bêbado, também imaginou que eu tinha roubado seu carro e passou me perseguir, e como tinha rádio na Kombi, pediu socorro e disse que perseguia um ladrão. Quando bati meu carro e o Policial me deu voz de prisão, ele imaginou que o ladrão já tinha dominado o policial que tinha cara de marginal, e eu trabalhava de terno e gravata. O Policial, para não morrer espancado por aquele louco, teve que atirar duas vezes, e acertou o abdome e perna direita do alemão.<br /><br />Perdi um carro, o policial tomou a maior surra da vida dele, o cara da Kombi foi parar no presídio com dois tiros por flagrante de agressão e lesão corporal contra um policial. Que jogo sujo. </span></span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-28166541.post-1151971643615956072006-05-14T21:06:00.005-03:002023-08-13T17:09:20.612-03:00Bicha de Bagé.<em>Para abrir o blog com chave de ouro.<br />Ps.: Este estereótipo foi usado unicamente para fazer um "caricato" na situação, satirizando a mesma, sem preconceitos.</em><br />
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<span><strong style="font-size: large;">A Bicha de Bagé</strong><br />
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As gurias, na metade da década de 1960 só davam depois de casadas. Os guris do interior ainda tinham como aliviar as espinhas da cara, com umas ovelhas lindas e outras simpáticas galinhas ou até umas éguas nos barrancos da vida, mas na cidade não tinha este consolo. Para quem tinha de 16 até os 20 anos, era uma situação bastante difícil. Tinha zona, com suas luzes vermelhas, mas não tinham dinheiro nem idade para pensar em freqüentar estes estabelecimentos esfumaçados e proibidos.<br />
Quase toda paquera nesta época se dava na Rua da Praia. Pelas 17 horas, eram as gurias que saíam das escolas normais, dos ginásios e científicos. Era um desfile sensacional, as mais lindas gurias de PoA desfilavam num vai e vem maravilhoso de cores de olhos e tamanhos de cabelos, e quase todas de uniformes azul marinho. Isto durava até 17h45min em media. As 18h30min já começava a escurecer, e as lojas já iam fechando suas portas. O movimento de pedrestes já começava dispersar, quando então eles começavam a surgir. Os gays.<br />
Era incrível como eles davam em cima de alguns de meus amigos, oferecendo presentes como calças Lee legítimas, relógios, dinheiro e outras coisas mais. Eles iam com os gays e voltavam cheios de razão, não se sentindo nem um pouco “menos homens” por terem sidos os “ativos”, era uma coisa natural este tipo de relacionamento, nem um pouco questionado por ninguém, ninguém achava que o cara era menos homem por ter comido e faturado uma bicha. Eu confesso que muitas vezes fiquei com inveja destes meus amigos já que as bichas nunca me acharam atraente para eles. Não davam em cima de mim.<br />
Na metade da década de 80, fui comercializar uma revista na cidade de Bagé. Meu diretor me pediu que procurasse na cidade um colaborador da editora, que de vez em quando enviava algumas fotos, e entregasse um presente e o convidasse para um almoço. Sabia que o cara era fotógrafo, mas fui pensando que ele era um repórter fotográfico. Na realidade, o que ele fotografava era casamentos, batizados, formaturas e fotos 3 x 4.<br />
Chegando lá, pude ver a figura. Era um gaúcho baixinho, simpático, entroncado, tinha um bigodão avermelhado, barba por fazer, o pescoço era roliço e emendava com o queixo, o nariz era atarracado junto a boca que ficava escondida atrás do bigode (mas parecia mesmo o focinho de um porco). Tinha a pele ensebada de suor, uma respiração ofegante, vestia bombachas, alpargatas, um quepe de couro e um lenço fino de seda azul no pescoço. Depois das apresentações, ele me disse que poderia me indicar uma empresa na cidade para anunciar, ele mesmo conhecia uma indústria que anunciaria e me levaria até ela no fim da tarde daquele mesmo dia. Ficamos combinados.<br />
No fim da tarde, após longas conversas, ele lembrou-se da indústria que me prometera apresentar. Ele quis ir na Kombi-furgão dele. Achei meio estranha aquela Kombi, além do banco da frente atrás não tinha nada, só alguns cobertores forrando o chão. Saímos da cidade e entramos numa via de chão batido com plantações de arroz dos dois lados em direção do que parecia ser um sitio. Quando estávamos nos aproximando, pude notar que ele não tirava os olhos de mim. Não pude deixar de pensar que ele estava querendo me comer, mas antes que eu pudesse raciocinar algo, vi uma construção muito antiga com o telhado de zinco todo enferrujado que um dia foi abrigo para bois. Perguntei a ele se ali era a indústria, ele disse que sim, e me levou à uma casa toda velha caindo aos pedaços. Ele disse que era sua indústria de sabão, que havia comprado uma franquia e que iria ficar muito rico com este novo negocio. “Tá legal, esta vista”, disse eu, “não vamos descer”. Pensei: “se eu desço tô fudido”. “Vamos fechar o negocio do anuncio lá no teu estúdio, me leva de volta agora que eu tenho um compromisso neste instante”. Ele ficava insistentemente tentando me convencer a descer para eu ver por dentro da fabrica de sabão, mas viu que não tinha jeito. Ficou com uma expressão de tamanha tristeza, que me marcou. Quando estávamos voltando, e já dava para ver as luzes da cidade, ele parou a kombi em baixo de uma cinamomo enorme e botou a mão na minha perna. No impulso eu puxei ligeiro e gritei “O QUE É ISTO, MEU???”<br />
Ele arregalou os olhos, apertou aquele seu focinho de porco, botou as mãos na cintura delicadamente e disse, como numa confissão: “EU SOU MULHEEER!!!”<br />
Desci correndo da kombi e pude notar que ele voltava para fabrica, fui correndo até o Hotel, devo ter corrido uns 6km de terno e gravata sem respirar, apavorado.<br />
Não contei esta história à ninguém na época, já que eu estava um pouco... Traumatizado. Mesmo que eu não levasse à diante esta história, tentando enterrá-la no fundo da minha memória, eu não poderia mesmo esquece-la.<br />
Dois dias depois, a bicha de Bagé foi encontrada enforcada em sua fabrica de sabão.</span></span><div class="blogger-post-footer">Uma dica: Inicie sempre pelos "archives".</div>Eloy Figueiredohttp://www.blogger.com/profile/11421082222444437715noreply@blogger.com3